O doleiro Alberto Youssef está fazendo uma "delação premiada seletiva", na qual não revela tudo o que sabe, segundo o advogado Haroldo Nater, que defende Leonardo Meirelles. Nesta quinta (23) o advogado informou à Justiça Federal que seu cliente aceita uma acareação com Youssef.
Meirelles diz ter sido laranja do doleiro ao ceder empresas para ele fazer remessas ao exterior, como o laboratório Labogen.O principal ponto de discórdia entre os dois é se o doleiro atendeu ou não políticos do PSDB. O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que seu cliente jamais fez operações para tucanos. Já Meirelles diz ter ouvido o nome de Sérgio Guerra em conversa telefônica do doleiro. Ele conta também que o doleiro citou outro político tucano do Paraná.
Meirelles foi advertido pelo juiz Sergio Moro para não revelar o nome do segundo político do PSDB em audiência nesta segunda-feira (20) porque parlamentares só podem ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal.
A Folha de S.Paulo revelou no último dia 16 que o nome de Guerra foi citado no acordo de delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O executivo contou que Guerra recebeu R$ 10 milhões para ajudar a esvaziar a CPI da Petrobras em 2009. À época, Guerra era senador e presidente do PSDB. O partido diz defender a investigação de todos os citados na delação, independente de filiação partidária.
Mais políticos
O advogado de Meirelles afirma que seu cliente diz ter ouvido várias conversas do doleiro com políticos. "Ele também viu muitos políticos no escritório", afirma. Meirelles contou à Justiça que ia praticamente todos os dias no escritório do doleiro, em São Paulo, para tratar de negócios.
Ainda segundo o advogado, Meirelles afirma que "há várias pessoas do esquema do doleiro que ainda não apareceram nas investigações". Nater diz que seu cliente não tem provas sobre essas pessoas, mas tem informações que podem levar a Polícia Federal a chegar a essas evidências. "O Youssef já mentiu antes e está mentindo de novo", afirma o advogado. O doleiro fez um acordo de delação premiada em 2003, no qual prometia entregar toda a sua clientela, mas só forneceu o nome de políticos de segundo escalão do Paraná.
As investigações da Operação Lava Jato apontam que Youssef voltou ao mercado com uma clientela maior, com ramificações em estatais como a Petrobras e partidos como PT, PP e PMDB.
Outro lado
O advogado de Youssef diz que Meirelles terá de provar que seu cliente está omitindo fatos no acordo de delação premiada. "Como ele pode dizer que a delação é seletiva se ninguém conhece o que o Youssef contou ao Ministério Público Federal?", questiona. Segundo Basto, "tem interesse político por trás dessas colocações". Ainda de acordo com o defensor de Youssef, Meirelles não era um simples laranja, mas operava como doleiro.
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