Parlamentares, partidos ligados ao governo e à oposição e entidades civis que historicamente lideram protestos políticos mantêm postura discreta e até silêncio sobre a permanência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara, mesmo diante de denúncias de corrupção e de quebra de decoro.
Procurados, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Sindicato dos Servidores do Legislativo não quiseram dar declarações. Já os movimentos estudantis, representados pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), apesar de críticas a Cunha, não decidiram ainda realizar mobilizações.
Veja as declarações:
Acompanhamos as pautas mais retrógradas que estão sendo aprovadas na Câmara, mas não temos feito protestos diretamente para pedir a saída do Cunha. Não tivemos reunião da entidade desde o surgimento das denúncias .
Carina Vitral, que preside a UNE, disse que “é ruim” para o Brasil ter um presidente da Câmara alvo de “acusações graves”:
O mais grave é que ele usa seu poder para chantagear as partes, se manter e influenciar no rumo do país. Acho que ele deveria se afastar do cargo.
Mesmo já tendo protagonizado embates com Cunha, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não se posicionou. Segundo a assessoria da OAB, o presidente Marcus Vinicius Furtado não foi localizado desde o dia 22 de outubro.
O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), uma das poucas entidades que se manifestaram, defendeu o afastamento de Cunha.
Como regra, alguém que preside um Poder tem que se impor pelo exemplo. Se o Eduardo Cunha agiu contra as regras de decoro, deve sair. Não é nada pessoal. Isso é com quem quer que seja.
Poucos partidos se manifestam
Em relação aos partidos, até o momento, apenas PSOL e PDT se manifestaram publicamente a favor do afastamento de Eduardo Cunha. Líderes de cinco siglas da base e da oposição, porém, evitaram comentar as denúncias contra o peemedebista ou desenvolver estratégias para que ele deixe o comando da Casa. Segundo esses líderes, não haverá orientação partidária sobre o caso e os representantes no Conselho de Ética terão autonomia para agir.
Não vamos entrar na pauta da disputa política. Não vamos fazer nada para ajudar ou atrapalhar. Não tem orientação partidária. Os companheiros que estão no conselho sabem da responsabilidade que têm lá.
A pedido do governo, o PT não fechou questão sobre o processo contra Cunha, mas metade da bancada apoiou a representação contra ele.
Não tem orientação. Tem autonomia total para nosso representante (no conselho). Ele vai votar com sua consciência, assegurando a ampla defesa para o presidente Eduardo.
Os líderes do PSD, Rogério Rosso (DF), do PBR, Celso Russomanno (SP), e do Solidariedade, Arthur Maia (BA), disseram que não haverá orientação partidária e que os representantes do conselho têm mandato para atuar conforme considerarem mais adequado.
Desde que as denúncias apareceram, o PT, diante da possibilidade de Cunha encaminhar o pedido de impeachment de Dilma, evitou ter posição oficial. A oposição chegou a soltar nota defendendo o afastamento de Cunha, mas, em seguida, reuniu-se com ele e chegou a afirmar que o mal-estar provocado pela nota estava resolvido.
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