Os senadores começam nesta quinta-feira (25) o julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). O primeiro dia do procedimento vai ouvir as testemunhas de acusação e defesa. A sessão, que será presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, está prevista para começar às 9 horas e pode se estender até a sexta-feira (26), dependendo do andamento dos trabalhos. Essa é a primeira fase do julgamento da presidente.
Os senadores vão ouvir apenas duas testemunhas de acusação, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Julio Marcelo de Oliveira e o auditor federal de contas Antônio Carlos Carvalho, que já foram ouvidos pela Comissão Especial do Impeachment, em junho. Inicialmente a acusação havia arrolado também o auditor federal Leonardo Rodrigues Albernaz, mas desistiu com o objetivo de “otimizar o processo”.
Salário, carros, assessores... Veja os benefícios de Dilma no pós-impeachment
Leia a matéria completaA estratégia agrada o presidente interino Michel Temer (PMDB), que busca acelerar o processo e garantir que o julgamento se encerre ainda este mês. Com isso, o presidente interino poderá participar da reunião do G20, que ocorre na China no início de setembro, como efetivo. Durante a oitiva de testemunhas na Comissão Especial do Impeachment no Senado, a acusação também cedeu à pressão do governo interino e acabou dispensando testemunhas.
Depois de ouvir as testemunhas de acusação, os senadores começam a oitiva das seis testemunhas de defesa arroladas pela presidente Dilma Rousseff. Apenas duas delas são “novas”, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo e o jurista Geraldo Prado. As demais também já foram ouvidas pela Comissão Especial.
O ministro Ricardo Lewandowski será o primeiro a inquirir as testemunhas. Em seguida, cada senador inscrito terá seis minutos para fazer perguntas. Por último, os advogados de defesa e acusação terão dez minutos cada para questionar as testemunhas. A presidente Dilma Rousseff deverá ser ouvida na próxima segunda-feira (29).
Veja quem são e o que têm a dizer as testemunhas
Acusação
Julio Marcelo de Oliveira: é procurador do Ministério Público junto ao TCU e foi o responsável pelas apresentações que levaram o tribunal a condenar as pedaladas fiscais e a edição de decretos orçamentários irregulares de 2015. Ele já foi ouvido como testemunha na Comissão Especial do Impeachment no Senado, em junho. Na ocasião, afirmou que a presidente Dilma Rousseff tem responsabilidade sobre as pedaladas fiscais, já que era a chefe do Poder Executivo do país. Além disso, Oliveira chamou as pedaladas de “fraude fiscal” e “contabilidade destrutiva”, além de atribuir os atos como um dos motivos da crise econômica. O procurador é um crítico ferrenho do governo Dilma e já foi flagrado em manifestações pró-impeachment da presidente.
Antônio Carlos Carvalho: é auditor federal de contas e controle externo do TCU. Ele também foi ouvido como testemunha na Comissão Especial, em junho. Para ele, as manobras adotadas pelo governo Dilma levaram o país à crise econômica. Para ele, o fato de Dilma ter editado um decreto orçamentário é “gravíssimo”.
Defesa
Luiz Gonzaga Belluzzo: o economista será a primeira testemunha de defesa a ser ouvida na sessão de julgamento do impeachment no Senado. É um crítico da política econômica do Planalto, mas é contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Belluzzo já afirmou, em entrevistas, que o que está em jogo é a normalidade democrática e o respeito aos poderes da República.
Geraldo Prado: é professor de direito processual penal na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ao lado do professor Juarez Tavares, é autor de um parecer contrário ao pedido de impeachment da presidente. O documento foi elaborado no final do ano passado a partir de um pedido de consulta de um dos advogados do PT e aponta que o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deveria ter realizado uma audiência prévia para ouvir Dilma antes de dar início ao processo.
Nelson Barbosa: o ex-ministro do Planejamento também já foi ouvido em junho, pela Comissão Especial do Senado, e defendeu a legalidade dos decretos editados pela presidente Dilma. Para o ex-ministro, os decretos de crédito suplementar editados em 2015 não exigiram liberação de gasto financeiro e, assim, não representaram impacto na meta de resultado primário.
Esther Dweck: é ex-secretária de Orçamento. Também já foi ouvida pelos senadores na Comissão Especial do Impeachment e, na ocasião, negou que a edição de decretos de suplementação orçamentária pela presidente Dilma em 2015 tenha contribuído para o descumprimento da meta de superávit primário prevista para aquele ano.
Luiz Cláudio Costa: é ex-secretário executivo do Ministério da Educação (MEC). O depoimento de Costa também não deve trazer muitas novidades para o julgamento do impeachment. Em junho, ele afirmou aos senadores da Comissão Especial que o crédito suplementar de R$ 1,6 bilhão, editado em 2015, não representou aumento de gasto para o MEC. Segundo o ex-secretário, os decretos foram “importantes para a gestão”, permitindo que os diversos organismos ligados à pasta, como universidades e institutos, adequassem seu orçamento às necessidades do momento.
Ricardo Lodi: é professor de direito financeiro da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Na primeira oitiva, em junho, defendeu a legalidade dos créditos suplementares e das pedaladas fiscais na Comissão Especial. O jurista também disse aos senadores que não é possível afirmar que a meta fiscal de 2015 não foi cumprida, uma vez que uma alteração nela foi aprovada pelo Congresso. Para ele, não há crime de responsabilidade cometido pela presidente Dilma.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Deixe sua opinião