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O Ministério Público Federal (MPF) desistiu nesta quarta-feira de ter a geóloga Venina Fonseca como testemunha de acusação de réus nesta fase da Operação Lava-Jato. A geóloga, que disse ter alertado a presidente da Petrobras Graça Foster sobre o esquema de desvio de dinheiro da estatal, havia sido convocada pelos promotores a prestar vários depoimentos sobre o cartel de empreiteiras. Os procuradores concluíram que os fatos que Venina relata sobre a estatal não são os que foram denunciados nesta fase da Lava-Jato e que seu primeiro depoimento, prestado na terça-feira no processo que envolve dirigentes da Engevix, não teve contribuição significativa. A informação de que todos os depoimentos de Venina, nos processos movidos contra empreiteiras, serão cancelados foi confirmada na manhã desta quarta-feira ao GLOBO por um dos procuradores da força-tarefa.

Venina tinha ainda mais quatro depoimentos programados como testemunha de acusação nesta fase da Lava-Jato. Ela seria ouvida na quinta-feira, dia 5, no processo que envolve a OAS. Também havia sido convocada para audiências nos processos da Camargo Corrêa (dia 6), Galvão Engenharia (dia 10) e Mendes Junior (dia 12).

O MPF já informou à Justiça Federal sobre a dispensa de Venina da audiência agendada para a próxima sexta-feira. "VENINA foi ouvida no MPF no dia 17 de dezembro de 2014 e ouvida em juízo nesta data de 3/02/2014 nos autos nº 5083351-89.2014.404.7000, pouco esclarecendo sobre os fatos apurados. Assim, o MPF entende conveniente desistir da oitiva de VENINA para a audiência de sexta-feira, o que induz a desnecessidade de juntada dos arquivos do seu depoimento", disseram os procuradores.

De acordo com os procuradores, Venina deverá ser ouvida em novas denúncias na Lava-Jato. As principais informações dela, que já vieram à tona, referem-se a contratos irregulares na área de comunicação corporativa do Abastecimento. No depoimento de terça-feira, Venina isentou a área de Abastecimento da Petrobras de responsabilidades na fiscalização das obras da empresa e atribuiu toda a culpa à diretoria de Serviços, comandada por Renato Duque. Por mais de uma vez, afirmou que a licitação, a fiscalização e a execução das obras da Petrobras era de "responsabilidade da área de Engenharia, da área de Serviços". Ela afirmou que a área de Abastecimento, na qual trabalhou ao lado do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, réu confesso do escândalo, sequer tinha contato com as empreiteiras.

Venina foi genérica também ao comentar sobre a tomada de decisões na estatal, afirmando que todas as decisões são colegiadas. Ao falar sobre cartel, afirmou que outro funcionário da Petrobras, ainda não arrolado entre testemunhas da Lava-Jato, teria documentos que mostrariam a proximidade entre a estatal e representantes das empresas, que se reuniam na Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi).

Perguntada sobre a escalada de preços na obra de Pernambuco, Venina, que chegou a ser conselheira da Refinaria Abreu e Lima ao lado de Paulo Roberto Costa, admitiu que os aumentos causaram estranheza, mas afirmou que teria pedido informações à área de Duque. Depois de alguns meses, teria recebido resposta que havia uma falha no sistema de cálculos da Petrobras, que poderia produzir erros tanto para cima quanto para baixo. Até aquele momento, afirmou, a estimativa de preço da obra da refinaria já estava R$ 2,4 bilhões acima do previsto. Segundo ela, o mesmo sistema de cálculos, que estava com parâmetros defasados, segundo a diretoria de Duque, pode ter causado problemas também em outras obras, pois era o mesmo.

Com um depoimento extremamente técnico e burocrático, Venina causou desconforto nos advogados dos réus, que não sabiam o que ela poderia acrescentar ao processo movido contra a Engevix. Ela falou no lugar de João Procópio de Almeida Prado, que operava as contas e off-shore do doleiro Alberto Youssef. Os advogados dele disseram que ficaria calado e que só falará nos processos em que é réu. O Ministério Público Federal pediu a troca de Almeida Prado por Venina e o juiz Sérgio Moro aceitou.

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