Investigado pela Polícia Federal (PF) durante a operação Porto Seguro, o vice-presidente jurídico dos Correios, Jefferson Carús Guedes, afastou-se nesta segunda-feira (3) do cargo. O afastamento deverá ser de 15 dias, "para o levantamento de processos com participação da empresa LM Negócios Inteligentes, por auditoria determinada pela Presidência da ECT", segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa da instituição.
Guedes é investigado no inquérito por supostas ligações com o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira, acusado de chefiar uma quadrilha que cometia crimes de corrupção e tráfico de influência. Segundo o inquérito da PF, a LM Negócios Inteligentes seria usada por Vieira para participar de concorrências e disputar a franquia de uma agência dos correios em São Paulo.
A empresa foi inabilitada e, segundo a PF, Vieira tentou acionar Guedes para rediscutir o caso em Brasília. Ao GLOBO, Guedes afirmou que sua relação com Vieira era "institucional e acadêmica" e que não favoreceu a LM. "O vice-presidente destacou que a LM participou de três concorrências nos Correios e foi inabilitada ou desclassificada em todas, não tendo nenhum contrato firmado com a ECT. Guedes reiterou que mesmo não tendo sido convocado ou intimado, sempre esteve à disposição da Polícia Federal para esclarecer os fatos, conforme relatou em ofícios enviados à PF", informou a nota divulgada nesta segunda pelos Correios.
A PF chegou a fazer busca e apreensão na sala do vice-presidente, em Brasília, para levar documentos e computador. Segundo o relatório policial, "há indicativos de que, para favorecer a empresa, ofereceu 'livros' ao vice-presidente Jefferson Carús Guedes." "Livros" é o código usado pelo esquema de Vieira para identificar propina. Na semana passada, Guedes afirmou, por meio de sua assessoria, que os livros citados nas interceptações telefônicas são mesmo livros e não dinheiro.
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