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Rio de Janeiro - A visita relâmpago do presidente Barack Obama à comunidade de Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro, foi o momento mais informal em uma viagem marcada pela distância entre o visitante dos EUA e a população brasileira, imposta pelo esquema de segurança ostensivo que cerca o líder dos americanos.
VÍDEOS: Veja os bastidores da vinda de Barack Obama ao Brasil
FOTOS: Confira as imagens do presidente norte-americano
Obama não comeu churrasco, como George W. Bush e Lula em 2007, nem quebrou o protocolo e ?se jogou? na bateria da escola de samba Mangueira, como Bill Clinton em 1997. Um dia após ter legitimado uma intervenção armada na Líbia, ele foi o tempo todo salvaguardado pelo aparato de segurança que incluía homens das polícias Militar e Federal, do Exército brasileiro, do serviço secreto dos EUA e de outras agências de defesa do Estado americano.
O povo carioca, interessado em ver o americano, teve de se contentar com a demonstração de força e um desfile do imenso aparato policial, como já havia ocorrido no sábado em Brasília. Cenas de ruas fechadas, comércio baixando as portas ? comuns no Rio antes da emblemática tomada do Complexo do Alemão ? marcaram a viagem de Obama ao Rio.
A passagem pela Cidade de Deus foi cercada dos mesmos cuidados. Porém, em dois momentos, o presidente se aproximou um pouco do povo local. A presença de Obama comoveu mais os moradores do que as apresentações dos moradores o emocionaram, segundo relatos de jovens que participaram do evento oficial.
Primeiro Obama assistiu a duas apresentações de crianças e jovens do grupo de capoeira da comunidade. O presidente dos EUA também viu a demonstração do grupo de percussão de uma escola municipal. Aplaudiu apenas uma vez, mas acompanhou a percussão com batidas de pé. Obama ainda aproveitou para ?bater bola? com crianças da comunidade.
Antes de ir embora, o americano surpreendeu ao sair da sede da Escola Odylo Costa Neto e ao caminhar alguns passos até o meio da Rua Israel. Dali, acenou por cerca de 20 segundos a uma multidão posicionada em lajes e sacadas de casas da rua. A reação foi uma explosão de euforia, que lembra a histeria com que são recebidos astros da música pop. Para os moradores, a meia hora de Obama na Cidade de Deus foi ?histórica?.
?Ele mandou um beijo pra mim. Virei celebridade?, dizia Anderlúcia Nogueira, uma das mais empolgadas moradoras que superlotavam uma das diversas lajes que serviram de arquibancada para a imprensa e moradores. Ela mora bem na frente do local de onde Obama acenou.
Aproveitando o clima
O clima de festa na favela foi aproveitado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, e pelo governador fluminense, Sérgio Cabral. Os dois permaneceram, após a partida de Obama, fazendo um ?corpo a corpo? com os moradores. As favelas que receberam unidades de polícia pacificadora (UPPs), como a Cidade de Deus, são a ?menina dos olhos? da administração pública carioca. O prestígio do projeto é enorme entre os residentes na favela. A empolgação é tamanha que casos como o do time de futebol local, com meninos de até 13 anos, comandados como uma tropa por um sargento da polícia. O treinador usa canções militares e refrões repetidos em uníssono que ficam estranhos nas bocas dos meninos. ?Somos CDD [Cidade de Deus] e viemos tocar o horror?, diz um dos refrões.
São poucas, portanto, as vozes que criticam o atual momento da comunidade ou mesmo a ?maquiagem? que a Cidade de Deus sofreu para receber a visita de Barack Obama. Mas elas existem. ?O homem vem pra cá, fecha rua, fecha o comércio para ele tirar foto posando de bonzinho. Amanhã, ele vai embora e nossos problemas continuam?, disse o líder comunitário Roberval Uzeda. ?A visita expôs para 200 países uma comunidade que, na verdade, está abandonada. Esta não é a verdadeira Cidade de Deus?, alertou.
Cristo
Quem ontem também teve agenda no Rio foi a primeira-dama americana, Michelle Obama. Ela visitou, desacompanhada do marido, o barracão da Escola de Samba Unidos da Tijuca. O casal presidencial, com suas duas filhas, encerram a visita ao Brasil com uma visita, à noite, ao Cristo Redentor, no Morro do Corcovado. A visita, inicialmente programada para a manhã do domingo, foi uma das muitas inversões na agenda do presidente. Hoje, por volta das 8 horas da manhã, a comitiva do presidente americano parte do Rio para Santiago do Chile.
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