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O ministro da Defesa, Waldir Pires, fez um apelo aos controladores de vôo para que retomem as atividades encerrando a operação-padrão que provoca caos nos principais aeroportos brasileiros há cinco dias com atrasos e cancelamentos. Ele concluiu no começo da noite desta terça-feira uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Lula e outras autoridades aeronáticas quando discutiu soluções possíveis para contornar os problemas.

Para o ministro, o fator que desencadeou a crise foi o acidente com o Boeing da Gol, que resultou na morte de 154 pessoas, dia 29 de setembro. Uma medida imediata é a abertura de concurso público para 64 vagas de controladores, e 148 profissionais em uma segunda etapa. Segundo o ministro, todos os controladores ficaram bastante abalados com a tragédia. Por isso ele pediu ânimo aos controladores.

- Eu pedi a eles ânimo. Pedi a eles que vencessem suas petições íntimas. Evidente que era natural por se tratar ser uma tristeza assistir a uma tragédia. Mas a vida é assim, nos reerguemos nas horas difíceis - disse Pires.

Na saída do encontro de emergência no Planalto, o ministro relacionou as principais medidas que serão adotadas de imediato nos aeroportos e acredita que o problema será encerrado muito em breve, mas não arriscou uma data.

" Vamos convocar os aposentados que forem voluntários para que eles possam fortalecer a posição de controle e estamos abrindo concurso para fortalecer ainda mais e repor em eficiência o transporte aéreo civil no país "

- Estamos buscando remanejamento de rotas, desejando que haja uma economicidade de todos os recursos aéreos para compatibilizar com a situação do controle do momento, com o afastamento de alguns controladores, de modo que estamos tomando todas as providências. Vamos convocar os aposentados que forem voluntários para que eles possam fortalecer a posição de controle e estamos abrindo concurso para fortalecer ainda mais e de forma definitiva a institucionalidade do controle para gradativamente repor em eficidência o transporte aéreo civil no país.

Pires negou ainda que tenha sido discutido reajuste salarial ou concessão de gratificação aos controladores de vôo. Ele disse que perguntou se o reajuste estava na pauta de reivindicação dos controladores, mas a resposta teria sido negativa.O ministro Waldir Pires durante coletiva no Palácio do Planalto - Gustavo Miranda/O Globo

Depois do encontro com Lula, ele seguiu para o Ministério da Defesa para nova reunião com representantes de controladores para avaliar as medidas decididas no Palácio do Planalto. Os representantes em questão são do sindicato dos controladores de vôos civis (que falam por todos os controladores), que são minoria, já que de 13 mil controladores brasileiros, 10.469 são militares, sem representação sindical.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou a reunião de emergência em seu gabinete para discutir a crise dos controladores de tráfego aéreo. Lula convocou os ministros da Casa Civil, Dilma Roussef; da Defesa, Waldir Pires; o comandante da Força Aérea, brigadeiro Luiz Carlos Bueno; e dirigentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Infraero.

Ao chegar para reunião de emergência no Palácio do Planalto, o presidente da Infraero - estatal que administra 67 aeroportos no país -, José Carlos Pereira, disse que serão discutidas soluções para a crise nos aeroportos, e citou como uma das possibilidades a convocação de pessoal da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB), mas lembrou que o treinamento levará de uma semana a dez dias. José Carlos Pereira afirmou que a maior preocupação é com o feriado de Finados.

José Carlos disse que as instalações dos aeroportos estão superadas, e operando além do limite para o qual foram projetadas. Ele afirmou, no entanto, que é possível suportar essa situação indefinidamente, mas com uma degradação dos serviços. O presidente da Infraero disse que tinha uma reunião às 17h desta quarta-feira no Rio, e que pretende sair de Brasília às 6h para não correr riscos de chegar atrasado ao compromisso.

A Anac divulgou uma nota respondendo a críticas de que teria autorizado rotas além da capacidade do espaço aéreo. Segundo a agência, todos os vôos têm que ser autorizados, obrigatoriamente, também pela Infraero e pelo comando da Aeronáutica. Segundo explicações da Infraero, as liberações de vôo eram feitas a cada dois minutos. E agora os aviões só podem levantar vôo depois de 30 minutos.

Além das reuniões, medidas de urgência foram tomadas nesta terça e já estão valendo. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo anunciou um plano emergencial para amenizar os atrasos de vôos nos aeroportos do país. O plano prevê a mudança de algumas rotas e estabelece corredores aéreos especiais para trechos entre Rio, Belo Horizonte e São Paulo, onde o fluxo de aeronaves é muito grande. Também serão criadas rotas pelo oceano para os vôos saindo do Nordeste com destino a Sul e Centro Sul.

Um grupo de técnicos vai decidir as prioridades de vôos e decolagem em todo o país. Segundo o coronel Paulo Esteves, assessor chefe do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, vôos com maior número de conexões serão priorizados por envolverem um maior número de aeroportos. Os técnicos das companhias aéreas foram cedidos para o Centro de Coordenação da Navegação Aérea, que fica no Rio. No total são 11 profissionais da área técnica.

Após a colisão entre o jato Legacy e o Boeing 737-800 da Gol, em 29 de setembro, no Mato Grosso, onde morreram as 154 pessoas a bordo, a categoria decidiu que não trabalharia mais acima de sua capacidade. Por isso, os controladores resolveram na semana passada que respeitariam todos os procedimentos de vôo de aeronaves.

A operação-padrão foi uma reação da categoria à suspeita de que a conduta de um funcionário do Cindacta 1 teria contribuído para o acidente.

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