O doleiro Alberto Youssef deixou nesta quinta-feira (17) a carceragem da Polícia Federal (PF) de Curitiba, onde estava preso desde a deflagração da Operação Lava Jato – há dois anos e oito meses. Ele foi o terceiro investigado a firmar um acordo de colaboração premiada durante as investigações. Youssef esteve nesta tarde na Justiça Federal, em Curitiba, para colocar a tornozeleira eletrônica.
O doleiro chegou escoltado pela Polícia Federal às 13h35 . Ele saiu em um carro acompanhado de um advogado por volta das 14h15 e não falou com a imprensa. O doleiro vai seguir de carro até São Paulo, onde alugou um apartamento para cumprir prisão domiciliar pelos próximos quatro meses. Segundo o acordo firmado com o Ministério Público Federal (MPF), a partir de março do ano que vem Youssef poderá passar para o regime aberto.
Democracia prejudicada
O advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, comemorou a saída do doleiro da prisão e frisou a importância do acordo para as investigações. “Foi o maior acordo desse país, foi o acordo que permitiu a existência da Lava Jato”, disse. Para o advogado, o maior prejudicado pela Lava Jato não foi o Estado, e sim a democracia, por causa de “eleições compradas com o dinheiro de propina”.
Se não fosse o acordo de colaboração, o doleiro teria mais de 120 anos de prisão para cumprir – pena a qual foi condenado pelo juiz federal Sergio Moro nos processos da Lava Jato. Em vez disso, Youssef ficou apenas dois anos e oito meses preso em regime fechado na carceragem da Polícia Federal e tem mais quatro meses em prisão domiciliar a cumprir a partir de hoje.
“As pessoas falam que a pena dele foi pequena porque não cumpriram no lugar dele”, criticou o advogado. De acordo com as regras da prisão domiciliar, Youssef só poderá deixar o apartamento para frequentar a academia do prédio. Além disso, o doleiro só poderá receber visitas da família e de seus advogados pelos próximos quatro meses. Segundo Basto, o doleiro está “ansioso para ver a família” .
Segunda delação
Youssef foi preso na deflagração da Lava Jato e firmou acordo de colaboração em setembro de 2014. Ele detalhou aos investigadores como funcionava o esquema de corrupção na Petrobras e entregou vários agentes públicos, políticos e operadores que faziam parte do esquema.
Esse foi o segundo acordo firmado por Youssef. Ele já havia fechado um acordo de colaboração premiada nos anos 2000 durante as investigações do Caso Banestado, também conduzidas por Moro. Em março de 2014, quando foi preso na Lava Jato, teve uma nova prisão decretada por ter quebrado o primeiro acordo, que o proibia de cometer novos crimes.
Futuro indefinido
O doleiro ainda não definiu se vai voltar para Londrina, sua terra natal, depois de cumprir a prisão domiciliar, ou se ficará em São Paulo. Segundo Basto, não há possibilidades de Youssef quebrar o novo acordo. “O plano dele é curtir a liberdade. Eu vejo um elemento ressocializado. Ele sai da prisão sofrido, não vejo possibilidade de reincidência”, disse o advogado.
O doleiro terá monitoramento de seguranças durante o período em prisão domiciliar. Segundo o advogado, porém, ele não sofreu nenhuma ameaça. “Até agora não houve ameaça, mas a Lava Jato enfrenta agora os grandes profissionais do crime”, alertou o advogado. Para ele, o governo Dilma era o “time amador” do mundo do crime.
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