O doleiro Alberto Youssef retirava dinheiro em espécie na sede da construtora Andrade Gutierrez, no bairro do Brooklin, em São Paulo. A informação foi dada nesta sexta-feira por Rafael Ângulo Lopez, um dos delatores da Operação Lava Jato, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal do Paraná. Lopez contou que o doleiro foi até a sede da empresa com ele, usando veículos da Mercedes-Benz, para retirar malas com dinheiro. Em uma das vezes, usou uma Mercedes preta, com placa de Londrina. Na segunda, uma Mercedes prata blindada.
“Fui três vezes com ‘seu Alberto’ e outras vezes sozinho. Nestas três vezes, não entrei no prédio. Fiquei aguardando no carro. As visitas duraram de meia hora a 40 minutos. Quando ele chegou com a mala no escritório, vi que era dinheiro. Numa das vezes voltou quase vazio ou com pouco dinheiro, e ele reclamou”, afirmou Lopez.
Lopez disse que, na primeira visita, a mala continha R$ 600 mil. Na segunda, entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. As duas visitas ocorreram num espaço de aproximadamente dois meses. Youssef , também delator, confirmou ter recebido da Andrade Gutierrez R$ 1,5 milhão em espécie da construtora, retirados diretamente na empresa em três visitas feitas em 2010.
Lopez afirmou que também esteve na sede da construtora outras vezes, sozinho, e que foi encaminhado para pegar o dinheiro com uma pessoa identificada como “engenheiro Guilherme”. Nem sempre, porém, foi essa pessoa que lhe entregou o dinheiro, mas um emissário do engenheiro. Nas outras vezes em que esteve na empresa, ele teria levado quantias que variaram entre R$ 200 mil e R$ 250 mil. Não foi perguntado a Lopez quantas vezes ele retirou dinheiro na sede da Andrade Gutierrez.
Lopez foi um dos três delatores que prestaram depoimento nesta sexta-feira, na ação movida contra executivos da empreiteira Andrade Gutierrez por formação de cartel e pagamento de propina em 10 contratos fechados com a Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal, a empreiteira transferiu R$ 3.164.560 à empresa Technis Planejamento e Gestão, entre outubro de 2007 e março de 2008, que pertence ao lobista Fernando Soares, o Baiano. Foram simulados contratos de prestação de serviços, e os valores foram sacados em espécie das contas da Technis. Cada saque teve valor mínimo de R$ 100 mil.
Também foram detectados, segundo denúncia do MPF à Justiça, transferências de R$ 4.966.017,90 à empresa Rio Marine, do operador Mário Góes, que também já confessou que era intermediário de propina.
O MPF afirma ainda que a empreiteira usou a conta de sua subsidiária Zagope Angola para transferir US$ 6,426 milhões para conta em nome da off-shore Phad Corporation, na Suíça, que era controlada por Mario Góes. Por meio desta conta e de outras, Góes enviou propina a Pedro Barusco, gerente da área de Serviços da Petrobras. Mário Góes confirmou, em depoimento de delação premiada, ter simulado serviços para a Zagope Angola para receber dinheiro e repassar a Barusco.
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