Histórico

Metáfora da vida

Larissa Jedyn
10/04/2006 01:53
larissa@gazetadopovo.com.br
Não são só dois pra lá e dois pra cá. A dança requer muito mais do que lógica e técnica. É preciso sensibilidade, dom de improvisar, vontade de aprender. Assim como na vida. Aliás, a vida consiste num bailado inventivo formado par a par, a todo momento, sincrônico e evolutivo. Se não for assim, alguém acaba levando um pisão no pé. Em A Dança, a autora canadense Oriah Mountain Dreamer não se atém aos idílios amorosos. Vai além. Diz que estamos todos dançando, uns melhor que os outros, e por isso uns têm mais habilidade que os outros para tratar de sentimentos, relações de trabalho, administração de conflitos, criação dos filhos, gerenciamento de carreira, autoconhecimento.
Dar conta de tudo isso é difícil. Quem tenta bem sabe que não é fácil se desdobrar em tantos papéis. Isso ainda sem contar a necessidade de conter as emoções, saber considerar o outro e perdoá-lo em suas falhas. É quase um exercício de santidade. Se isso não acontece lá vêm as cobranças – pessoais e as que provêm dos outros – e as angústias. Estamos, segundo ela, sempre em busca de desenvolvimento. Afinal, somos imperfeitos, pedras brutas, passíveis de ajustes, de críticas e de melhorias? Não, para ela, não é bem assim. Trata-se de que é difícil as pessoas quererem ser o que realmente são. Elas geralmente querem ser outra coisa, uma versão melhorada do que realmente são.
Isto porque, diz ela, as pessoas não acreditam que sejam suficientemente boas como são. “Mas acontece que é. A verdadeira natureza dos seres humanos é repleta de compaixão, e essa natureza essencial os torna capazes de estarem íntima e plenamente presentes. Quem você realmente é, é o bastante”, escreve ela, atribuindo os ensinamentos às avós, vozes femininas que falam com Oriah enquanto dorme. De resto é só aprender a dançar. Seguir a música e deixar a vida levar…
Serviço: A Dança, Oriah Mountain Dreamer, editora Sextante, R$ 29,90.
EU LEIO
“Eu estou lendo Meu Tio Roseno, a Cavalo (Editora 34), do paranaense Wilson Bueno. Estou achando bem interessante. Eu já havia visto um curta com uma história dele e agora estou descobrindo sua narrativa.”
Xanda Lemos, música.
Vale a Pena Arriscar
Robin Pilcher
Bertrand Brasil
Depois da quebradeira das empresas pontocom, um homem que vive um casamento decadente e é pai de adolescentes, se vê diante da necessidade descobrir o que realmente importa em sua vida.
As Irresistíveis Mulheres Francesas – Amantes, Injustiçadas e Intrigantes
Honoré Balzac
Golden Books
Profundo conhecedor da psicologia feminina, o autor colhe no universo social francês, a matéria-prima para criar seus contos.
AI-5, A Opressão no Brasil
Hélio Contreiras
Record
Como setorista militar de grandes jornais na época da ditadura, o autor revela depoimentos guardados desde então sobre a dissidência, para ele responsável pela derrocada do regime.
A Linguagem de Shakespeare
Frank Kermode
Tradução: Bárbara Heliodora
Record
O especialista em literatura dos séculos 16 e 17 analisa versos de diferentes décadas de Shakespeare e os motivos da grandeza e perenidade da obra do dramaturgo inglês.
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