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Quando pensamos em atividades físicas feitas sob medida para perder peso, logo vêm à mente esportes como ciclismo ou corrida de rua. Temos enraizado na cabeça que velocidade é sinônimo de quei­­ma de calorias. Grande engano.

Um esporte pouco conhecido e praticado por um grupo ainda restrito de pessoas serve como prova contrária ao senso comum. É a escalada, modalidade do montanhismo que, apesar da aparente monotonia, ajuda demais na luta contra a balança e na busca por um bom condicionamento físico e mental.

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Cada movimento realizado rente a uma parede ou uma rocha exige muito mais força do que uma pedalada ou uma passada. O esforço, muitas vezes descomunal para os iniciantes, é a garantia de que o coração e os pulmões estão trabalhando em uma faixa ideal para queimar calorias. E é essa energia depositada nas agarras que garante um ganho significativo de condicionamento físico, principalmente nos membros superiores.

Só que não são somente os braços que saem fortalecidos, mas o corpo como um todo. A busca pelo melhor equilíbrio ativa outras regiões, como o abdômen, muito exigido no momento de travar as pernas contra a parede. Como não seria diferente, as pernas também atuam diretamente no movimento da escalada, garantindo benefícios totais.

Os resultados, entretanto, vêm com o tempo. Até lá, o potencial montanhista vai passar por algumas provações, começando pelas dores, causadas na maioria das vezes por excesso de aplicação de força por causa da insegurança. “A primeira coisa que a pessoa vai sentir é falta de força mesmo. Se ele pesa 90 kg, é como se puxasse esses mesmos 90 kg para cima. Com isso, vai fadigar o antebraço e ficar com a sensação de não conseguir fechar as mãos”, explica o escalador heptacampeão paranaense, Anderson Gouveia.

Depois que as dores cessam é que os benefícios começam a aparecer, e não somente os físicos. “A escalada trabalha o equilíbrio e o foco. É um esporte que exige paciência para pensar no que vai fazer. Quem vem estressado, acaba es­­quecendo o que ficou para trás”, ga­­rante Gouveia, que escala há mais de 20 anos e já esteve em 23 países para subir rochas e montanhas.

A estudante de 24 anos, Ga­­briela Tiemi Miiyakawa, atesta os ga­­nhos mentais e físicos. “Ajuda demais na concentração, a encarar desafios e persistir sempre. Se não tiver persistência, não vai muito longe. Só que cansa bastante, mas depois que pega o jeito, percebe que é só questão de posicionamento e de confiar no corpo”, diz Gabriela, que pratica escalada há pouco mais de um ano.

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Pode até parecer incoerente, mas esse xadrez vertical ajuda a combater o medo de altura. “Eu tinha muito medo de altura. Che­­gava lá em cima e travava, mas fui me desenvolvendo e mudou bastante”, lembra a estudante.

Gouveia avisa que a primeira subida normalmente é apavorante, mas que com o tempo vai me­­lhorando. Apesar disso, ele não garante o controle sobre o medo. “Algumas pessoas experimentam e não querem nunca mais. Outros conseguem vencer a fobia. Uma pessoa que escala só em ginásio sente-se em casa naquele ambiente, mas quando tira da academia e leva para a rocha, aí complica.”

A ida para a natureza, escalar realmente em rochas e não em paredes artificiais, é o que torna o esporte diferenciado, porém, também mais complexo. “É muito mais legal em lugar aberto, mas um pouco mais difícil, sem contar que machuca mais os dedos. Mas a experiência é mais gostosa e empolgante”, comenta Gabriela.

Gouveia garante que é diante da rocha que a mágica acontece. “A grande maioria das pessoas que vai para a montanha se apaixona pela escalada. É quando define se vai ou não ser escalador.”

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