Bruno Dreher*
Fórum Econômico Mundial
As 10 habilidades necessárias para o profissional do futuro
Para inovar, você é obrigado a fazer uma análise do objeto do seu projeto. Hoje, possuímos uma abundância de informações e dados sobre praticamente todos os mercados do mundo. Portanto, ter a capacidade de fazer um diagnóstico (análise) correta, usando informações, aumenta muito as chances da criação de inovações assertivas.
Existe um fio condutor entre este tópico e o anterior: informação. Eu costumo dizer que, antes da internet, o ensino formal (escolas, universidades e bibliotecas) possuía o monopólio da informação e nos transformava em alunos passivos. Você sentava na cadeira, um professor passava o conteúdo, as tarefas e você executava.
Hoje, faz-se necessária esta mudança de chave. Em vez de receber algo pronto de algum tutor, você deve criar uma estratégia de aprendizado baseado nas suas necessidades e se tornar um aluno ativo, buscando conteúdos que façam sentido para o seu desenvolvimento.
Cada vez mais, os trabalhos repetitivos serão substituídos pela tecnologia. Na minha primeira empresa, por trabalharmos com exportação e importação, possuíamos muito trabalho burocrático para confecção de documentos. Era uma espécie de linha de produção de documentos, que em muitos momentos possuíam dados repetidos. Vendo isso, decidi criar um sistema de inteligência artificial simples, que simplificava muito esta linha de produção. Veja: identifiquei um problema, criei uma solução original e tomei a iniciativa de implementá-la. Cada vez mais, este tipo de conduta se tornará necessária no mercado.
Há alguns anos, tive aula com o professor Silvio Meira, um dos magos da tecnologia no Brasil. Lembro até hoje que ele disse que “programação é a alfabetização do século 21”. Talvez tenha uma dose de exagero aí, admito. Porém, cada vez mais precisaremos programar e desenhar soluções tecnológicas para mantermos a nossa relevância no mercado de trabalho.
Mais uma vez, a palavra “análise” aparece neste ranking. Não é por acaso. Talvez a capacidade de analisar e criticar (no sentido construtivo da palavra) seja a base para todas as outras habilidades.
Seja na sua auto-análise e autocrítica (algo que exigimos muito em políticos, mas nem sempre estamos dispostos a fazer), seja na análise e crítica da empresa onde você trabalha. Sem isso, nem você, nem a sua empresa saem do lugar onde se encontram.
Eu costumo fazer uma brincadeira entre problemas simples e problemas complexos. Imagine que você tenha ficado resfriado e vá à farmácia comprar um remédio. Você está resolvendo o problema de uma forma simples.
Mas vamos pensar de forma um pouco mais complexa: você ficou resfriado pois seu corpo foi exposto ao frio. Ele foi exposto ao frio porque você ficou com a roupa molhada. Você ficou com a roupa molhada porque estava chovendo. Você só pegou chuva porque saiu de casa sem guarda-chuvas. Na próxima vez, você poderá sair novamente na chuva, se molhar, ficar resfriado e ter que comprar um remédio (resolução de problema simples) OU poderá simplesmente sair de guarda-chuva e resolver a causa raiz do problema (resolução de problema complexo).
Talvez este seja o tópico com o título mais auto-explicativo de todos. Construir credibilidade e autoridade para influenciar e liderar, entregando para as pessoas o que elas querem, gostam ou precisam tornou-se um diferencial imprescindível para quem quer se destacar nos dias de hoje.
Nunca tivemos tantas pessoas tendo problemas emocionais e, por isso, nunca tivemos tantas pessoas buscando terapia. Em um mundo onde estamos conectados o tempo todo e onde todos parecem lindos, felizes e ricos no Instagram, tendemos a fazer comparações com a nossa vida, que não é tão florida quanto a vida das redes sociais e muitas vezes, isso gera ansiedade e até depressão.
No trabalho não é diferente. Todos os itens acima colocam você numa postura mais ativa em relação a ele. Você precisará analisar, criar, pensar, criticar. E muitas vezes irá errar, ter seus projetos rejeitados pelos seus chefes ou pelo mercado. E sim, você errará muito neste caminho e precisará lidar com todas estas frustrações.
Novamente surge o termo “resolução de problemas”. Aqui, a interpretação é um pouco diferente. Quando você soluciona um problema, você começa com as criações de ideias para resolvê-los (ideação) e precisa usar do raciocínio para fazê-lo. A questão aqui é explicar (para você ou para os outros) o seu raciocínio.
Em 2017, fiz um curso de pensamento matemático na Universidade de Stanford e, pela primeira vez, entendi por que as minhas professoras da escola queriam o desenvolvimento do cálculo na prova. Ela é a mostra do seu raciocínio. Mostra como você chegou no resultado final. É o que eu fiz no item 6: mostrei o caminho do meu raciocínio que me levou até a ideia (usar guarda-chuva) para resolver um problema (resfriado) no futuro.
Análise, de novo. Aqui, focada em sistemas (podem ser sistemas de TI, ecossistemas empresariais ou até mesmo o próprio ecossistema). O objetivo, uma vez mais, é entender a lógica por trás do sistema analisado e avaliá-lo, vendo pontos positivos e negativos.