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Sucessão de Lira: MDB e PL mantém candidaturas próprias
Arthur Lira (PP-AL) deixará a presidência da Câmara em fevereiro de 2025| Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Arthur Lira está insatisfeito, e parece que só a cabeça de um desafeto servida na forma de uma demissão será capaz de lhe aplacar a fúria. Talvez ele escolhesse a do ministro Alexandre Padilha, o titular da pasta das Relações Institucionais a quem chamou de “incompetente”. Na falta dela, quem sabe sirva a de Nísia Trindade, a atrapalhada ministra da Saúde que parece inoperante em todas as áreas. Tanto melhor se forem as duas, de preferência acompanhadas de nomeações dos apadrinhados seus e de seus aliados.

O presidente da Câmara construiu a carreira orbitando o poder até que conseguiu ascender como aglutinador do Centrão. O protagonismo das relações entre Executivo e Lira, é verdade, já caminhava para uma mudança no polo ativo desde o impeachment de Dilma, mas Lira soube se aproveitar quando o ex-presidente Jair Bolsonaro, então isolado no Congresso Nacional, precisou lhe penhorar a autoridade para preservar o que restava do mandato. Sindicalizando as atividades legislativas e exercendo domínio inédito sobre o orçamento, assimilou o Executivo e suas atribuições.

Lira quer o que acha que é seu, e isso inclui o que é do presidente da República. Se não levar, chantageia com a ingovernabilidade.

Na medida em que galgou espaço a ponto de exercê-lo, Lira viciou-se nele, tomando-o como propriedade privada. Não está disposto a abrir mão de um milímetro de influência ou um vintém de emendas, ainda que, para tanto, bote abaixo o que vier pela frente. Parafraseando João Figueiredo, ele manda e arrebenta. Está disposto a punir Lula por não se curvar à sua vontade. Goste o leitor ou não do atual presidente, fato é que sua relação com o Congresso não se dá sob a mesma medida do anterior.

Desde que atacou Padilha, o presidente da Câmara aumentou a pressão sobre o Planalto. O menu de retaliações é amplo. Vai de um punhado de CPIs, passando por derrubada de vetos até a articulação de uma bomba fiscal bilionária. Nessa toada sobrou até mesmo para o Supremo Tribunal Federal. Lira sinalizou que buscaria organizar um grupo em defesa do que alguns chamam de “prerrogativas parlamentares”. É turma que acha um abuso que Chiquinho Brazão esteja preso, o que mandados expedidos pela Justiça não possam ser cumpridos dentro do Congresso.

Nesta sexta-feira (19), o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães, tentou botar panos quentes na escalada de tensões. “Padilha está disposto a conversar com o presidente Lira na hora que ele se dispuser. Não tem crise sobre isso”, disse para jornalistas. Mas as reuniões emergenciais que podem ser marcadas na próxima semana evidenciam o contrário.

Restou a Lula ir a campo e negociar pessoalmente com Lira. E isso já diz muito sobre qual é o status da relação entre os poderes. Lira quer o que acha que é seu, e isso inclui o que é do presidente da República. Se não levar, chantageia com a ingovernabilidade. É o achaque em seu estado de arte.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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