Um bar de vinhos e uma incrível experiência com degustação de jerez

Uma degustação de Jerez –
dizia o convite.

Aí pensei: gosto de Jerez
(Sherry ou Xérès), principalmente na harmonização com os presuntos ibéricos, e
até utilizo numa receita de terrine que faço e que é muito sucesso.

O evento se chamava Masterclass de Jerez e seria no Balbino & Martins, um
bar de vinhos que reflete todo o conhecimento dos dois sommeliers, Jonas
Martins e Guilherme Balbino, seus proprietários.

Confesso que tinha pouco
conhecimento de Jerez, conforme pude constatar naquele dia. Sabia que alguns
eram mais secos, como o Fino (que eu conheço), e outros mais adocicados,
suaves, como se diz por aí.

Só que quando a degustação
começou, constatei que nada sabia. Mas logo aprendi muito, com a didática da
apresentação feita pelo Jonas Martins. Primeiro ele descreveu cada tipo do
vinho fortificado, desde o início, com os Mouros (nos anos 700), passando pelo
tipo de solo (de Albariza, branco, o mais comum por lá), o sistema de plantio,
até a vinificação. O evento tinha a ver com a 2021#sherryweek, comemorado no início
do mês, em todo o mundo – a semana comemorativa que homenageia esse vinho
fortificado da Andaluzia, Espanha.

Então é assim: são basicamente
oito tipos diferentes, Fino, Manzanilla, Amontillado, Palo Cortado, Oloroso,
Cream, Pedro Ximénez e Moscatel (que têm disponíveis aqui no Brasil), mais
Manzanilla Pasada e Fino Antíguo, que devem chegar no ano que vem.

Explicações, detalhes, características de cada tipo e já seria possível começar a degustação, com tapas preparadas pela outra metade da casa, Guilherme Balbino, que, como sommelier respeitado, tratou de criar cada momento de acordo com a exigência de harmonização de cada Jerez.

O primeiro da fila era o
Manzanillo, que ganhou a companhia de um Pan tomaca, uma tapa espanhola feita
basicamente com pão amanhecido e tomate. Em seguida, para o Fino, o
acompanhamento foi apenas de azeitonas. Só, o suficiente para provocar a
harmonização correta. Aí veio uma combinação que me agradou muito: camarão e
guacamole sobre uma fatia de pão, escoltada pelo Amontillado.

Como se fosse pouco, uma fusão de berinjela e atum defumado (feito pelo amigo e confrade Breno Rosa, perito em curas e defumação) de cair o queixo, com a companhia de uma taça de Palo Cortado.

O mais surpreendente viria a
seguir, uma rabada com agrião. Sim, isso mesmo, nosso prato bem brasileiro,
carne desfiando e os brotos de agrião por cima. Imaginei o desafio da
harmonização. Foi com o Oloroso, que, com a adequada estrutura, saiu-se com
júbilo da parceria.

Para encerrar, simples e apetitosas
ameixas pretas, recheadas com nozes e envoltas por bacon, abrindo espaço de
sabor para o Cream, um jerez delicioso por si só e que se completou no
casamento com a tapa final.

Foi uma noite memorável, posso
garantir. Mas, daí, como fica o desejo de quem esteja lendo aqui e tenha
vontade, asseguro que não haverá problemas. Como o anseio dos sommeliers é
aproximar mais as pessoas do jerez, esses vinhos fortificados continuam sendo
vendidos, em taças, acompanhados das tapas que Balbino porventura possa criar
na hora. Os preços vão de R$ 18 a R$ 40 a taça. Vale a experiência.

Embora seja auto definido no Instagram como “A casa do
Jerez em Curitiba” – e fazendo jus ao nome -, o Balbino & Martins é bem mais
do que isso. Não é um Wine Bar, como se conhece o diz por aí. É um bar de
vinhos, fazem questão de cravar. Bar e loja de vinhos, vamos lá, porque também é
possível chegar ali, escolher o rótulo necessário na prateleira que fica logo
na entrada (com os preços exibidos nas próprias garrafas) e ir embora beber em
casa.

Mas que ali é bem melhor, isso
é. Porque Balbino se esmera também na cozinha e na maneira descontraída de
fazer e apresentar. Bem diferente, aliás, do compenetrado sommelier que também
participa de eventos, degustações e harmonizações fora dali.

Quando estive lá em outra vez,
ele apresentou alguns pratos bem interessantes: Steak tartare com maionese de bacon, Steak tartare com gema curada, Pizza
de abobrinha com bacon (que disse ser a campeã na preferência) e uma
incrível Pizza de quiabo, que,
infelizmente, vai ficar na saudade, porque não era do agrado do cliente e saiu de
produção. Pena, pois achei excelente, com ótimo sabor e textura quase crocante
com o quiabo.

As pizzas (R$ 32) estão sempre
disponíveis, mas os tartares (R$ 38) precisam ser encomendados com
antecedência, para a garantia da carne mais fresca possível.

O bar de vinhos também tem
alguns sanduíches no menu – se é que dá pra chamar de menu, pois não tem nada
escrito. É apenas um sabor por semana, entre Copa lombo com abacaxi, Cupim
defumado do Mavy com salada e maionese de gengibre, Bife de lombo suíno, empanado e assado, salada de folhas crocantes e
cebola roxa e Sobrecoxa assada com
sour cream.  O primeiro deles me faz
viajar diretamente para a rua Prado Júnior, no Leme, Rio de Janeiro, onde o Bar
Cervantes servia o famoso Pernil com abacaxi, meu favorito. Comentei com
Balbino e ele me disse que a inspiração foi exatamente essa.

Preciso provar, então, já que
naquele dia não tinha. Os sanduíches (R$ 32) são servidos somente às sextas e
sábados e os sabores variam de acordo com a disponibilidade de ingredientes no
mercado. Mas que vale uma visita no fim de semana para provar, vale.

Para acompanhar, os vinhos
podem ser servidos em garrafa, escolhendo uma no balcão, ou em taças, conforme
os rótulos que a casa estiver disponibilizando. Também os jerez, claro, que,
aliás, foi uma das experiências que tive naquela primeira vez.

O bar de vinhos funciona de terça
a quinta das 15h às 22h. Nas sextas e sábados, das 15h às 23h.

Avenida
Iguaçu, 1274 – Rebouças

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