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O kit de ostras do Sitio Sambaqui, em Cabaraquara. Quatro coberturas diferentes em porção com 16 ostras nativas.

Anacreon de Téos

Panela do Anacreon

Um paraíso de sabores e de natureza à beira da baía de Guaratuba

19/01/2022 18:52
Parada obrigatória. Não apenas
para mim, mas para tantos que descem ao litoral paranaense.
Quem nunca foi ao Sítio Sambaqui não sabe o que está
perdendo. Já valeria pela paisagem encantadora, às margens da baía de
Guaratuba, em plena Mata Atlântica de todos os seus encantos. Já valeria pelo
cultivo de ostras, iniciado há 18 anos e que se tornou referência entre as
fazendas desses moluscos na região (e no Paraná, por que não dizer?).
Mas o Sítio Sambaqui é tudo
isso e também uma profusão de sabores que saem da cozinha de seu quiosque (que
é como chamam, mas é como se fosse um bistrô no bosque). Que tem as ostras,
claro, como atrações principais, mas vai muito além disso, com um vasto
cardápio voltado para os pescados, se bem que com honrosas exceções para
aqueles que não abrem mão de carne: Tirinhas
de mignon na manteiga clarificada
(R$ 95), Kibinho árabe (R$ 35), Salada
Dom Chico
(R$ 40) e Talharim com
iscas de mignon e molho branco
(R$ 80).
Os pastéis do Sítio Sambaqui têm sabores exclusivos e diferenciados.
Os pastéis do Sítio Sambaqui têm sabores exclusivos e diferenciados.
Claro que a quase totalidade
das pessoas que vai lá está a fim de comer algo do mar e aí a oferta é
realmente das mais atraentes. Eu, por exemplo, não abro mão de começar com
pastel. O de siri é imbatível, não abro mão. Mas, dessa última vez, provei um
de marisco, que não conhecia.
Não é com o mexilhão mais
popular, aquele que tem tons laranjas e a concha escura.
Esse é menor, tem a concha
mais esbranquiçada e o sabor mais delicado. É conhecido como bacucu (ou sururu,
lá no Norte do país) e é do mangue, de onde é catado diariamente pelo
fornecedor do Sambaqui. A propósito do bacucu, publiquei na revista Pinó, que
saiu no início do mês, uma receita de Caldinho
de bacucu
que é deliciosa. Já havia publicando anos atrás (aqui
no blog
), uma de outro caldinho, que também é ótimo. E no recheio do
pastel, então, ficou perfeito.
Há outros sabores, como os
clássicos de queijo e de palmito, mais o de camarão. E um, que surpreende pelo
sabor, principalmente quem não sabe exatamente do que se trata. O Pastel de cambira. Só que esse merece
uma conversinha à parte, logo aqui embaixo.
Pastel de siri. O meu favorito e o de muitos também.
Pastel de siri. O meu favorito e o de muitos também.
Pastel de marisco, com bacucu catado no mangue da baía de Guaratuba.
Pastel de marisco, com bacucu catado no mangue da baía de Guaratuba.
Pastel de cambira. Sabor surpreendente com outro produto típico dos caiçaras.
Pastel de cambira. Sabor surpreendente com outro produto típico dos caiçaras.
Ah, sim: todos os pastéis
custam R$ 15, cada.
Cambira, o bacalhau caiçara
Outra das atrações (ainda que
não tão badalada) do Sambaqui é a cambira. Que, a princípio, parece ser apenas
um peixe, que é salgado e defumado. Mas, não. Tanto quanto o bacalhau, com a
qual é comparada, e que pode ser feito com vários tipos de peixe, a cambira
também é um processo, o de salgar e defumar o pescado, com o propósito de
melhor conservar para os dias de menor oferta.
Salada seu Juca, elaborada com folhas, tomates e cambira desfiada.
Salada seu Juca, elaborada com folhas, tomates e cambira desfiada.
Essa tradição no nosso litoral
é secular, vem desde os tempos dos portugueses, que introduziram o sal na
comida dos locais e também o processo de conservação (logo eles, claro, os
especialistas em bacalhau). A diferença é que a cambira, além de salgada,
também é defumada, o que me levar a fazer uma comparação melhor: com o haddock,
o delicioso preparo escocês.
Quando foi introduzida, a
cambira utilizava muito a tainha, abundante no inverno e nem tanto no verão.
Mas, com o passar do tempo, algumas mudanças foram introduzidas e outras opções
de peixes surgiram: como o Parati, utilizado aqui, no caso, pelo fornecedor do
Sítio Sambaqui. O nome cambira remete ao cipó, muito presente no litoral,
conhecido por sua flor de cor roxa, que era a base do varal usado para a
defumação dos peixes.
A cambira aparece no menu não
somente no pastel, mas também na Casquinha
de cambira
(R$ 25), no Bolinho de
cambira
(R$ 47), no Escondidinho de
cambira
(R$ 60) e numa surpreendente entrada, a Salada seu Juca (R$ 40), elaborada com mix de folhas, tomates
frescos e cambira desfiada, regada com molho pesto ou especial. O prato é
gostoso e lindo, no contraste de suas cores.
E ainda tem um Risoto de cambira, que não está no menu,
mas que pode ser feito, a pedido do cliente, a R$ 80.
Ostras e ostras
Ostras naturais do Sítio Sambaqui: textura e sabor característico do terroir local.
Ostras naturais do Sítio Sambaqui: textura e sabor característico do terroir local.
O cardápio ainda oferece
pratos e petiscos com camarões, siri, peixes, lula e polvo, para todos os
gostos.
Mas, evidentemente, o foco
principal está nas ostras e há sugestões de 25 combinações diferentes com a
estrela da companhia. A começar pelas opções de ostras cruas, como a In natura (servida em meia concha, sobre
o gelo, acompanhada de sal, limão e molho de alho – R$ 55, 12 unidades) e a In natura baby (ostras pequenas,
servidas com os mesmos acompanhamentos – R$ 45, 12 unidades).
Também de ostra crua é a
proposta da Caipirostra (cobertas com
cachaça, raspas de limão e uma pitada de pimenta – R$ 56), como também da Oriental (com saquê, gengibre e molho
shoyu – R$ 56) e a com Vinagrete de manga
(R$ 56).
As outras combinações são
todas ao bafo, ao forno ou gratinadas e aí dá para escolher a que melhor
apetece a cada um. Palavra que é muito difícil eleger, tamanha a vontade que
cada sugestão dessas provoca. Mas, se valer parecer, arrisque a Brie mais maçã (ao forno, com maçã
verde, tabasco e brie – R$ 62).
E daí parta para provar as
outras, porque existem até seleções de combos: seis mix diferentes, com 16
ostras em cada, combinadas quatro a quatro, com preços variando entre R$ 65 e
R$ 68.
Caipirinha de limão e mexerica, a favorita dos clientes da casa.
Caipirinha de limão e mexerica, a favorita dos clientes da casa.
Para beber, opções de cervejas
(em lata) e uma boa gama de drinques e caipirinhas, a começar pela Caipirinha
de cachaça, limão e mexerica (R$ 25), a que mais sai.
A localização,
O Sítio Sambaqui fica logo
depois do embarcadouro do ferryboat, do lado de Caiobá (mas já é município de
Guaratuba), ao pé do Morro do Cabaraquara, entre a baía e o Parque Nacional
Saint-Hilaire/Lange.
O proprietário, Nereu de
Oliveira, é quem cuida pessoalmente de todos os detalhes, desde que inaugurou o
restaurante, há 15 anos. Foi ele quem selecionou as diversas receitas de ostras
valorizando ainda mais o sabor de cada uma delas, criada em estrutura de
cultivo.
Nereu de Oliveira, proprietário do Sítio Sambaqui: há 18 anos cuidando de todas as frentes no cultivo das ostras e no restaurante.
Nereu de Oliveira, proprietário do Sítio Sambaqui: há 18 anos cuidando de todas as frentes no cultivo das ostras e no restaurante.
A qualidade sanitária do
molusco é certificada pelo Projeto Cultimar, da Universidade Federal do Paraná.
Como cada tipo de ostra
apresenta as características de seu meio, essa, nativa e criada em Guaratuba,
também tem sabor exclusivo. Talvez, dentre todas as que já provei, seja a minha
favorita. Ela é um pouco menor que a maioria, mas tem um sabor mais concentrado,
sem exagero.
Mas, seja como for, pelos
sabores da ostra, pelos pastéis, pela cambira ou pela beleza do lugar, de uma
maneira ou de outra vale o passeio até o Sítio Sambaqui, que funciona
diariamente (excetos às segundas) para almoço e aceita reservas, garantindo
mesas até as 13h30 – depois desse horário, as mesas são liberadas, mesmo que
alguma delas tenha sido reservada e até o momento quem reservou não apareceu.
Linda paisagem, nas margens da baía de Guaratuba.
Linda paisagem, nas margens da baía de Guaratuba.
Sítio Sambaqui
Estrada
do Cabaraquara, s/n – Guaratuba
Fones: (41) 98434-7171 / 99222-5942
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