Thiago Maceira
Thiago Maceira é Managing Director no Banco de Investimentos e Head do Núcleo Tech do Itaú BBA. Com 20 anos de experiencia no mercado financeiro e no Itaú BBA desde 2013, o executivo já trabalhou na Goldman Sachs no escritório de Nova Iorque e no Citigroup em São Paulo. Thiago é bacharel em Economia pela Universidade de São Paulo e possui MBA pela Columbia Business School (prêmio Beta Gamma Sigma Alumni). Na coluna “Investimentos e Startups”, falará sobre as tendências do ecossistema de tecnologia sob o ponto de vista de investimentos.
Ano dos IPOs
IPOs de empresas de tecnologia brasileiras vieram para ficar
1. Tamanho
Essa mudança de tamanho do mercado colocou muitas das startups brasileiras próximas ao tamanho mínimo para conseguir fazer um IPO. Adicionalmente, dado que o tamanho da oportunidade ficou ainda maior, estas empresas hoje têm potencial para justificar a captação de volumes maiores de recursos para investi-los de maneira eficiente no crescimento.
2. Governança
seus níveis de controle e governança, seja pela presença de investidores
financeiros em suas estruturas acionárias, seja pela maturação dos modelos de
gestão para administrar empresas de porte maior.
3. "Efeito Magalu"
IPO é a melhor opção de capital para empresas de tecnologia?
No setor de tecnologia frequentemente a velocidade de implementação de uma inovação é tão importante quanto a inovação em si. A capacidade de “ocupar” um potencial segmento e tornar-se referência pode abrir novas avenidas de crescimento e de valorização.
O IPO permite acesso a capital relevante para financiar crescimento. IPOs acima de R$ 1 bilhão são comuns, ao contrário de rodadas de captação privadas, que tendem a ter volumes menores.
A chamada “janela de IPO” está aberta agora. Os mercados de ações acompanham os ciclos de expansão e queda da economia, e mercados podem “fechar” para novas ofertas caso haja uma piora na percepção da economia. As janelas de IPO às vezes podem fechar por períodos longos, portanto listar suas ações quando a janela está aberta é uma consideração importante.
Além disso, há uma demanda reprimida por IPOs de tecnologia de rápido crescimento, como demonstrado pela recepção positiva que os IPOs de PagSeguro, Arco, Locaweb, Afya, entre outros.
Por último, as empresas de tecnologia na bolsa têm performado muito bem, com suas avaliações bem acima dos níveis históricos.
A Locaweb, por exemplo, fez seu IPO no preço de R$ 17,25 e hoje a ação negocia por volta de R$ 60. Investidores internacionais focados em tecnologia participaram da oferta da empresa, desmistificando também a “obrigatoriedade” da listagem em Nova York.
Enquanto empresas privadas podem fornecer eventos únicos de liquidez privada por meio de vendas secundárias, empresas públicas têm uma capacidade muito maior de envolver e reter talentos por meio do desembolso contínuo de compensação baseada em ações.
Além disso, os IPOs são um grande marco e uma marca de conquistas para toda a equipe, aumentando a exposição da marca, além de “validar” a tese de investimentos para futuros potenciais funcionários.
IPOs podem
facilitar a capacidade de uma empresa de fazer aquisições, bem como facilitar
parcerias estratégicas. Mesmo que as empresas privadas possam fazer aquisições
com ações, é muito mais fácil fazer um negócio com “moeda” cujo valor é público
e líquido. Também é mais fácil entrar em parcerias estratégicas importantes
porque os parceiros em potencial têm informações facilmente acessíveis sobre os
negócios da empresa.
Cada empresa traça seu próprio caminho para o sucesso, e como disse em uma coluna anterior, o sucesso de uma empresa não é definido pelo tamanho de sua captação, mas sim pela satisfação de seus clientes. Assim, o que é melhor para uma empresa não é necessariamente o melhor para outra.
A boa notícia para o ecossistema é que, neste momento de mercado, a decisão de abrir o capital - ou não - é uma escolha que está nas mãos dos empreendedores.