Thiago Maceira
Thiago Maceira é Managing Director no Banco de Investimentos e Head do Núcleo Tech do Itaú BBA. Com 20 anos de experiencia no mercado financeiro e no Itaú BBA desde 2013, o executivo já trabalhou na Goldman Sachs no escritório de Nova Iorque e no Citigroup em São Paulo. Thiago é bacharel em Economia pela Universidade de São Paulo e possui MBA pela Columbia Business School (prêmio Beta Gamma Sigma Alumni). Na coluna “Investimentos e Startups”, falará sobre as tendências do ecossistema de tecnologia sob o ponto de vista de investimentos.
Sobrevivência do negócio
Qual o melhor momento para uma startup levantar capital?
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Muitas vezes postergar não é uma opção. Startups com grande frequência têm necessidade de capital para financiar o investimento em tecnologia, conquistar clientes, atrair talentos e executar o plano de negócio. Neste caso, postergar pode significar ter 100% de uma empresa que vale R$0.
No setor de tecnologia, frequentemente a velocidade de implementação de uma inovação é tão importante quanto a inovação em si. A capacidade de “ocupar” um potencial segmento e tornar-se referência pode abrir novas avenidas de crescimento e de valorização. Um exemplo clássico são os aplicativos de comunicação (como o WhatsApp).
Quando uma empresa consegue uma larga penetração de seu produto, ela passa a ser referência e com isso mais pessoas passam a usá-lo, mesmo que a solução tecnológica ainda possa ser aprimorada. Neste caso, crescimento exponencial e penetração são fundamentais para o sucesso de longo prazo da empresa, e uma diluição maior pode ser compensada pela valorização do negócio.
Uma das dificuldades enfrentadas por startups é conquistar a confiança dos seus clientes na sua capacidade de entregar oferta de valor. A entrada de um novo sócio, trazendo também liquidez adicional, pode ser a diferença para que o cliente finalmente compre os produtos/serviços, principalmente naqueles casos em que haja necessidade de manutenção da solução por um longo tempo (ex: softwares e plataformas de serviços).
Além de recursos financeiros, investidores de tecnologia podem contribuir com sua expertise no segmento específico da startup, com sua rede de relacionamentos para abrir portas de potenciais parceiros/clientes, na atração de talentos, e com experiência em gerenciar empresas com alto crescimento - que requerem capacidades gerenciais bem diferentes das empresas tradicionais.
Assumindo que a empresa não precise de recursos para sobreviver, o empreendedor deve avaliar o impacto da diluição frente à geração de valor que pode ser criada com o capital adicional. É um modelo similar à uma análise de retorno de investimento, onde o empreendedor “investe” uma parte da empresa e recebe no futuro uma valorização adicional na sua participação, sempre em comparação ao valor que ele teria sem esse capital adicional.
Apesar de não ser preciso, esse conceito permite estimar os benefícios trazidos pelo novo capital (incluindo os citados acima), e compará-los ao risco adicional de execução que uma rodada de investimentos possa trazer. Se o valor adicional gerado for muito maior do que o risco percebido de execução, este é um bom indicador de que faz sentido levantar o capital.
Além da análise de retorno, o fundador deve ter cuidado na implementação da estratégia de captação. Mesmo que o plano inclua um grande aporte para acelerar o crescimento, o empreendedor deve sempre ter a disciplina de levantar o mínimo necessário para um curto período de tempo (em geral de 18 a 24 meses). Ao fazer isso, ele consegue capturar os efeitos dos investimentos iniciais, diminuindo o impacto da diluição. A estratégia de fasear a entrada de novo(s) sócios(s) também reduz o risco de execução, o que geralmente se reflete em regras de governança mais flexíveis, tão necessárias para empresas em fase de crescimento exponencial.