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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta

De janeiro até agora, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço policial do Ministério Público Estadual (MP), fez uma devassa contra a corrupção e outros crimes em Londrina. Agora, as investigações começam a ultrapassar os limites municipais e a chegar perto do centro do poder estadual em Curitiba.

Três grandes operações do Gaeco de Londrina foram deflagradas em apenas três meses. A primeira ação mantém quatro pessoas presas sob a acusação de favorecimento à prostituição, inclusive de adolescentes. Logo depois veio a operação chamada de Publicano, dividida em duas partes, com 17 detenções de suspeitos de participar de um esquema de corrupção na Receita Estadual. A última, intitulada Voldemort, prendeu quatro – inclusive um parente do governador Beto Richa, o empresário Luiz Abi Antoun – por causa de uma licitação supostamente fraudulenta para o conserto de carros oficiais do estado.

As estatísticas, até este momento, mostram o tamanho das operações. Além dos 25 presos, já foram cumpridos 135 mandados (de prisões preventiva e temporárias, de busca e apreensão e de conduções coercitivas) e foram instaurados 16 inquéritos e 15 processos criminais. Como as investigações continuam, esses números podem aumentar.

Segundo o coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, os três casos são distintos, mas estão correlacionados. “Normalmente, quando se começa uma operação, imaginamos para que ponto ela vai. Mas, neste caso, começamos com um ponto que se espalhou para outros.”

As operações começaram em 13 de janeiro.Quatro presos, três servidores da Receita Estadual e um da Polícia Civil, são acusados de exploração sexual de crianças e adolescentes e de favorecimento à prostituição. Há ainda dois foragidos. O ex-assessor da governadoria Marcelo “Tchello” Caramori chegou a ser detido, mas foi liberado após se comprometer a colaborar com as investigações. Estima-se que ao menos 20 garotas foram vítimas de exploração sexual.

Em 5 de março, o Gaeco deflagrou outra linha de investigação, desta vez envolvendo a Receita Estadual. Foram cumpridos mais de 50 mandados de busca e apreensão em várias cidades do Norte do Paraná. Além dos servidores da Receita presos no caso de favorecimento à prostituição, outros fiscais, auditores e até ex-delegados do órgão são investigados por suposto esquema de enriquecimento ilícito por meio do recebimento de propina. O Gaeco investiga os auditores por terem cobrado dinheiro para dar baixa em dívidas milionárias de empresas com o Fisco estadual. Para isso, eles teriam recebido R$ 200 mil de cada empresário. Ainda não há uma estimativa de quanto o esquema possa ter desviado dos cofres públicos estaduais.

Na última sexta-feira (20), a investigação teve um novo desdobramento. Foram presas 17 pessoas. Dentre eles, estão fiscais da Receita Estadual, um policial civil, um contador e empresários considerados pelo MP como “testas de ferro”. Dentre os foragidos até o fechamento desta edição está o ex-inspetor-geral de fiscalização da Receita Márcio de Albuquerque Lima.

Em outra ação, o Gaeco prendeu na segunda-feira passada (16) Luiz Abi – tido nos bastidores como uma eminência parda do governo. Ele é acusado de chefiar a suposta fraude numa licitação para contratar, por R$ 1,5 milhão, uma oficina mecânica para fazer a manutenção de carros oficiais do estado na região de Londrina.

Procurados, os advogados de Luiz Abi e Marcelo Caramori não foram localizados pela reportagem para comentar as acusações.

Colaborou Kelli Kadanus.
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