A indústria brasileira de máquinas e equipamentos espera crescimento de 5% no faturamento em 2017, depois de quatro anos seguidos de queda, mas ainda nutre um sentimento de incerteza para este ano, em razão dos riscos políticos associados às delações de executivos da Odebrecht e da possível cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“O maior risco é político”, disse o presidente da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, após apresentar os resultados do setor em 2016, quando o faturamento caiu 24,3% em relação a 2015, a maior retração desde 1999, quando teve início a série da entidade. “Não sabemos como serão as delações da Odebrecht ou se haverá a cassação da chapa de Dilma e Temer”, destacou.
No aspecto econômico, Marchesan também demonstrou cautela. De um lado, lembrou que a inflação está sob controle e os juros, em queda. Mas do outro, lamentou que o câmbio esteja apreciado demais para quem exporta e que a ociosidade da indústria como um todo ainda seja de 40%, o que significa que, mesmo com a retomada da atividade econômica, não deve haver uma demanda forte por novas máquinas e equipamentos.
Apesar da expectativa de expansão para 2017, a Abimaq ainda não vê sinais de retomada, mesmo que o mês de dezembro tenha apresentado crescimento de 0,6% em relação a novembro no faturamento. “O entendimento é de que começou a parar de cair, mas não dá para dizer que haverá crescimento, talvez só no segundo semestre”, disse Marchesan. Ele acredita, de qualquer maneira, que “2017 será melhor que 2016”.
A projeção da Abimaq para o consumo aparente, indicador que mede o consumo da produção local mais as importações, também é de expansão de 5%. Em dezembro, o consumo aparente caiu 2,7% em relação a novembro e, em todo o ano de 2016, o recuo foi de 24,9%. Com os fracos resultados, o número de funcionários do setor caiu para 290,5 mil em 2016, o menor nível desde 2004.
Em relação ao governo de Donald Trump nos Estados Unidos, a Abimaq parece pouco preocupada com seus efeitos no Brasil, mesmo que os EUA sejam o terceiro principal destino das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos, com 17,8% de participação no total. “O Brasil não está no radar dos EUA, porque os EUA são superavitários na relação comercial com o Brasil, e o foco de Trump será onde os EUA são deficitários”, afirmou Marchesan.
Para Marchesan, antes de se preocupar com Trump, é preciso tentar resolver os problemas do Brasil. Um das preocupações do setor é com o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), iniciativa do governo para acelerar as concessões de infraestrutura e estimular os investimentos. Mesmo que o programa funcione, o impacto só deverá ser sentido em 2018, acredita a Abimaq.
“Até emitir o edital de concorrência, até sair o leilão, até a empresa que venceu começar o projeto, apresentar os documentos e começar a comprar os equipamentos, já não será mais em 2017, só em 2018”, disse Velloso. A expectativa da Abimaq para o PIB brasileiro em 2017 é zero, com expansão de 4% para o agronegócio.
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