Sua cerveja está em risco e a culpa é das mudanças climáticas. Vai ser mais difícil achar a bebida preferida de muitos brasileiros e ela também ficará mais cara - podendo até dobrar de preço nos piores cenários possíveis. A conclusão - alarmante para muitos- foi publicada nesta segunda (15), na revista Nature Plants.
A redução no abastecimento de cerveja está ligada à reação da cevada, o principal e mais tradicional ingrediente da bebida, a eventos extremos de calor e seca. Como esses tendem a aumentar com o avanço do aquecimento global, as fontes de cevada ficam ameaçadas.
Na pesquisa, os impactos do aquecimento global foram estudados em 34 regiões do mundo, a maior parte compostas por países com taxa significativa de produção, consumo e transações comerciais relacionadas à cevada ou cerveja.
Nos piores cenários possíveis, o decréscimo do abastecimento do grão fica entre 27% e 38% em alguns países europeus como a Alemanha, país tradicional ligado à bebida, e também na Bélgica e República Tcheca.
Os autores ressaltam que, quando se referem ao abastecimento, estão tratando de duas frentes. Uma delas é relacionada às perdas de plantações de cevada, que, segundo o estudo, poderiam variar de 3% a 17%.
As regiões do mundo que mais sofreriam perdas ligadas à plantação seriam na América do Sul, América Central e África Central. Ao mesmo tempo, as perdas na Europa são mais moderadas e em algumas regiões até mesmo apresentam aumento de produção, como em partes dos EUA e noroeste da Ásia.
O outro ponto importante seriam as variações que as mudanças climáticas poderiam ter sobre o bolso do querido leitor, o que está vinculado à disponibilidade do produto -como a cevada ficaria mais escassa, uma porcentagem maior dela poderia ser destinada, por exemplo, a alimentação de animais-, a dificuldade de manter as plantações e importações e exportações.
A pesquisa aponta que nos piores cenários de eventos extremos o preço da cerveja poderia dobrar e o consumo cair cerca de 16%. Essa queda equivaleria aproximadamente ao consumo de todos os EUA em 2011 (o ano usado como referência pelos autores).
Até mesmo em cenários menos severos o consumo de cerveja poderia diminuir 4% e os preços aumentar cerca de 15%. Um dos países mais afetados, segundo o estudo, seria a Irlanda, com elevações de preço entre 43% e 338% até 2099.
Já o Brasil, por ser um dos maiores consumidores de cerveja no mundo, também estaria entre os principais países afetados. No melhor cenário, a queda no consumo de cerveja ficaria em torno de 1%. No pior, a redução chega a 7% -cerca de 1 bilhão de litros a menos consumidos.
Se você quiser ver o copo meio cheio, a pesquisa não levou em conta possíveis avanços em técnicas agrícolas ou possíveis adaptações da agricultura futura às mudanças climáticas -que, de toda forma, acabam sendo limitadas, dependendo do tipo de evento extremo em curso.
No copo meio vazio temos insetos e doenças. Os modelos estatísticos usados pelos pesquisadores não levam em conta alguns dos problemas que podem ocorrer com as plantas em momentos de seca e grande calor e também não consideram a possibilidade de ocorrência simultânea de doenças e pragas -e com o aumento da temperatura, estudos apontam que o crescimento de insetos deve aumentar.
Os autores do trabalho reconhecem que esse está longe de ser o pior ou mais relevante efeito do aquecimento global. O menor consumo, em alguns casos, pode até ser benéfico para a saúde da população.
De toda forma, a arqueologia já demonstrou que o consumo de álcool (consequentemente de cerveja) permeou a história de diferentes culturas.
Explosões em Brasília tem força jurídica para enterrar o PL da Anistia?
Decisão do STF que flexibiliza estabilidade de servidores adianta reforma administrativa
Lula enfrenta impasses na cúpula do G20 ao tentar restaurar sua imagem externa
Xingamento de Janja rouba holofotes da “agenda positiva” de Lula; ouça o podcast
Deixe sua opinião