As flores amarelas de canola começaram a colorir os campos de inverno no interior do Paraná. A cultura teve um salto de produção de 303% nos últimos seis anos, mas é pouco representativa em relação à soja - a sua principal concorrente na indústria. O aumento da produção esbarra na falta de sementes e de mais empresas de fomento para garantir a comercialização.
Usada principalmente para a produção de óleo de consumo humano, a canola ocupa hoje 13 mil hectares no Paraná – o equivalente a apenas 0,29% da área de soja (4,6 milhões de hectares) – e a produção, que em 2008 somava 5,6 mil toneladas, deve alcançar 22,7 mil toneladas neste ano.
Pelo menos dois grupos de fomento atuam no Paraná: a AG Teixeira, em Candói, nos Campos Gerais, e a BSbios, em Marialva, no Norte. Segundo representantes das duas empresas, a produção paranaense só não deve ser maior neste ano devido à falta de sementes, importadas principalmente da Argentina. Neste ano, a oferta foi reduzida em todos os estados produtores brasileiros devido a períodos de estiagem nos campos de multiplicação do país vizinho.
“Estamos finalizando as áreas de fomento de canola da BSbios no Paraná, mas a previsão é de termos cinco mil hectares cultivados nesta safra. Este número só não foi maior devido à redução na oferta de sementes em 2013. Se não houvesse esse gargalo, tínhamos demanda para pelo menos 30% maior no Paraná”, afirma o engenheiro agrônomo da BSbios, Raul Trevizan.
Evolução
Em todo o estado, a área plantada cresceu 1% neste ano e a produção deve 6% superior à do ciclo anterior, conforme o técnico do Departamento de Economia Rural da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, Carlos Hugo Godinho. O presidente da Associação Paranaense de Produtores de Canola e dono da empresa de fomento AG Teixeira, Geovani Teixeira, acrescenta que as lavouras que estão florescendo têm boa qualidade.
O produtor Luiz Carlos Gehlen, de Candói, está na sétima safra de canola e concorda com Teixeira. “Até o momento deu tudo certo”, diz. Ele plantou 200 hectares em março e pretende fazer a colheita no final de agosto. O produtor lembra que enfrentou dificuldades no início do cultivo, já que os compradores estavam espalhados pelo estado e a entrega da safra gerava custos altos. Agora, Gehlen concentra a comercialização na empresa AG Teixeira, que também presta assessoria técnica ao produtor.
ANP quer elevar mistura
Tatiane Salvatico
O diesel comercializado no Brasil já conta com 5% de biocombustível por litro em sua composição. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a ideia é aumentar esse percentual a 10% até 2020. Em Curitiba, parte da frota do transporte coletivo opera com 100% de combustível renovável desde 2012. De acordo com a BSBios, empresa responsável pelo fornecimento, são utilizados 160 mil litros de biodiesel por mês nos ônibus conhecidos como “Hibribus”.
“O ideal seria mesmo com o diesel fosse completamente composto com matéria biodegradável, até para a indústria de biocombustível se fortalecer sem a necessidade da dependência da comercialização externa”, defende o diretor da BSBIos de Marialva, Carlos Gaspar. “Os benefícios ao meio ambiente, à saúde humana e às políticas de saúde pública são comprovados”, reforça o presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo Battistella, lembrando que o biodiesel emite menos 57% gases poluentes que o combustível convencional e não possui enxofre.
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