A Cooperativa Cotrijal, do município gaúcho de Não-Me-Toque, anunciou na sexta-feira, dia 1º, a compra das 14 unidades de recebimento de grãos da empresa BSBios, que é uma das maiores produtoras de biodiesel do Brasil.
As plantas estão espalhadas pelo norte do Rio Grande do Sul e vão representar um importante incremento à estrutura da Cotrijal, aumentando em 300 mil toneladas sua capacidade de armazenagem. Segundo o presidente Nei César Mânica, a expectativa é de que, em 2017, a aquisição gere, por si só, um crescimento de pelo menos 30% no faturamento da cooperativa. “O impacto será grande”, disse.
A Cotrijal está presente em 19 municípios. Com a incorporação das unidades de armazenagem da BSBios, vai atuar em outros 15 municípios gaúchos nos quais não estava presente, como Lagoa Vermelha, Tapejara e Sananduva. O número de produtores associados pode dobrar. Atualmente, são 5,8 mil. O objetivo é acrescentar ao quadro da Cotrijal os 4,8 mil produtores que até hoje entregavam sua produção para a BSBios.
O negócio partiu da decisão da BSBios de se concentrar na sua atividade de origem, que é a geração de energia a partir do processamento de grãos, principalmente soja. Tanto é que a empresa está se desfazendo somente das unidades de recebimento de grãos. A BSBios ficará com três fábricas de biodiesel, duas localizadas no Rio Grande do Sul e uma no Paraná.
“Só o que vendemos foi nosso braço que trabalhava com os agricultores. Estamos focando no setor industrial, que é o nosso negócio de origem”, afirmou o diretor-presidente da BSBios, Erasmo Battistella. “Eles perceberam que o foco deles é a industrialização, e não o produtor. Este é o nosso foco”, acrescentou Mânica. Segundo ele, a Cotrijal passará a abastecer a BSBios com matéria-prima.
Em 2015, a Cotrijal faturou R$ 1,35 bilhão. Em 2016, a pretensão é chegar a R$ 1,60 bilhão. A incorporação das unidades da BSBios terá um efeito muito pequeno no resultado deste ano, pois o grosso da safra - correspondente à soja - já foi colhido e comercializado. O principal impacto virá em 2017.
A Cotrijal estima que a movimentação das 14 novas unidades será responsável por um crescimento de 30% sobre o faturamento de 2016. Mânica acredita que o potencial das regiões que passarão a ser exploradas é enorme. “Imagino que, no futuro, 50% do faturamento da Cotrijal poderá vir destas áreas”, disse.
Criada em 2005, a BSBios teve metade de suas ações vendidas à Petrobras em 2011. O negócio com a Cotrijal não terá os valores divulgados porque ainda precisa ser submetido à avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
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