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Políticas Agrícolas

Fim da vacinação contra aftosa gera questionamento sanitário

Estimado em 9,4 milhões de cabeças, rebanho estadual precisa aumentar antes da medida. |
Estimado em 9,4 milhões de cabeças, rebanho estadual precisa aumentar antes da medida. (Foto: )

O anúncio por parte do governo estadual de que a campanha de vacinação contra a febre aftosa que começa no próximo dia 30 será a última no Paraná traz preocupação entre um dos elos da bovinocultura local. De uma forma geral, as entidades ligadas à sanidade animal são contundentes em afirmar que falta informação para embasar a decisão. Inicialmente, elas não são contra a medida, mas avaliam que a discussão precisa se alongar.

“Qualquer medida de impacto desta natureza precisa de um protocolo das entidades científicas, produtoras, técnicas e empresariais. Não pode ser uma decisão política”, ressalta Cezar Amin Pasqualin, presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (Sindivet).

Livre da doença há dez anos, o Paraná busca ser o segundo estado brasileiro sem vacinação – Santa Catarina já possui o status. Para obter o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o estado se estrutura com a reforma e reconstrução de 23 postos de fiscalização nas divisas com São Paulo e Mato Grosso do Sul e o Paraguai (veja mapa ao lado). A contratação de 169 servidores já concursados para a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) no próximo mês também faz parte da estratégia.

“Tem muita coisa para fazer além de construir barreira. Não estamos olhando para a cadeia produtiva como um todo. Isso requer tempo e informação”, diz Luigi Carrer Filho, diretor de agroindústria da Sociedade Rural de Londrina, no Norte do estado. Ainda segundo o dirigente, a entidade é a favor da medida em bloco. Ou seja, o fim da vacinação deveria ser adotado simultaneamente pelo Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul, além de Santa Catarina.

Para o consultor em pecuária Felipe Pohl de Souza, a decisão precisa ser mais discutida para estabelecer uma mudança de status no momento oportuno. Ele teme que o rebanho local, após os seis meses de imunidade da vacina de maio, fique vulnerável.

“Quando parar a vacinação, a imunidade dos animais cai. Precisamos saber sobre a circulação viral no Paraguai, Mato Grosso do Sul e São Paulo, entre outras informações que faltam”, sentencia Pohl.

Simpósio

A falta de informações como a instalação de frigoríficos exportadores no Paraná, programa de incentivo para ampliar o rebanho estadual e ganhos econômicos causam apreensão. Segundo o setor de sanidade, mesmo com o status de estado livre da doença sem vacinação, Santa Catarina não conseguiu atingir mercados que pagam mais pela carne como Estados Unidos, Canadá e Japão.

“Quando diz que é a última vacina, não pode entrar mais gado no Paraná. Muita gente traz gado magro do Mato Grosso para engordar aqui. Como ficará isso? Além disso, como iremos segurar as matrizes para aumentar o rebanho local?”, questiona Carrer.

Para Pasqualin, um simpósio sobre o tema precisa acontecer com a participação de todos os elos da cadeia produtiva, inclusive com representantes dos estados vizinhos. “O poder público não pode assumir sozinho. Tem que ter um protocolo combinado e referendado por toda a cadeia. Assim, o risco é dimensionado”, complementa.

Audiência Pública

No dia 11 de maio acontece uma audiência pública no plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para discutir se o Paraná tem condições de se tornar área livre de febre aftosa sem vacinação. Entidades como Mapa, Abiec, Adapar, Sindan, CNA, Coresa, Seab, CRMV e Fundepec foram convidadas.

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