Dewayne Johnson chora durante julgamento na Califórnia; Monsanto terá de indenizá-lo em US$ 289 milhões.| Foto: JOSH EDELSON/AFP

A Justiça do estado da Califórnia condenou a companhia Monsanto, gigante mundial ligada ao agronegócio a indenizar em US$ 289 milhões – o equivalente a RS $ 1,1 bilhão – um jardineiro norte-americano que teve câncer. Segundo o tribunal do júri, Dewayne Johnson teve a doença por causa dos herbicidas produzidos pela empresa. As informações foram divulgadas pela BBC.

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Para a Justiça, a Monsanto sabia que seus herbicidas Roundup e RangerPro eram perigosos e falhou em alertar seus consumidores. Ambos os produtos químicos para controle de ervas daninhas contêm glifosato.

Recentemente, a Justiça Federal do Distrito Federal determinou a suspensão pelo prazo de 30 dias do registro de todos os agroquímicos que contenham glifosado no Brasil. Enquanto isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária deve concluir procedimentos de reavaliação do produto.

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De acordo com a BBC, a Monsanto negou que a substância esteja ligada à doença e afirmou que vai recorrer da decisão. A Bayer AG, empresa farmacêutica que é dona da Monsanto, também negou que o produto seja cancerígeno.

O processo movido por Johnson é uma das 5 mil ações similares movidas contra a Monsanto nos Estados Unidos. Ele foi diagnosticado com linfoma em 2014. Segundo seus advogados ele usava o herbicida RangerPro em seu trabalho como jardineiro de uma escola. A vitória na Justiça pode abrir um precedente importante para os processos semelhantes.

Na decisão do júri, que saiu na última sexta-feira (10), os jurados afirmaram que a Monsanto estava “mal-intencionada” e que seus agroquímicos contribuíram “substancialmente” para a doença de Johnson. “Quando você está certo, é muito fácil ganhar”, disse o advogado de Johnson à BBC. Ele afirmou ainda que a decisão é apenas “a ponta da lança” de futuros processos.

Uso seguro

Em nota, a Monsanto afirmou que “empatiza com Johnson e sua família”, mas que vai continuar a “defender vigorosamente seu produto, que tem um histórico de 40 anos de uso seguro”.

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Conforme noticiou a BBC, a empresa disse ainda que “a decisão de hoje [ontem] não muda o fato de que mais de 800 estudos científicos - e conclusões da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA e de agências regulatórias ao redor do mundo - baseiam a conclusão de que o glifosato não causa câncer, e não causou o câncer de Johnson.”

O uso do glifosato é bastante questionado, mas o herbicida é um dos mais utilizados no mundo. Em 2015, a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer concluiu que o glifosato era “provavelmente cancerígeno” para humanos. No entanto, a EPA (agência ambiental americana) continua a insistir que o glifosato é seguro quando usado com cuidado.

Na Europa, de acordo com a BBC, a disputa em torno do glifosato também é feroz. O presidente francês Emmanuel Macron está tentando banir a substância, apesar da resistência do Legislativo e do fato de que a Comissão Europeia renovou por mais 5 anos a licença para que o herbicida possa ser usado na União Europeia.