Produtor Idone Groli, de Balsas, no Maranhão, onde a safra de soja cresceu mais de 100% no último ciclo| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O aumento previsto de 8,5% do PIB da agropecuária em 2017, contra um tombo de 6,6% no ano passado, é o principal fator a marcar a saída da economia brasileira da recessão – segundo o estudo “O Mapa da Recuperação Econômica”, dos economistas Everton Gomes e Rodolfo Margato, divulgado nesta semana pelo banco Santander.

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O documento aponta que, das 27 unidades da federação, sete ainda devem fechar o ano com queda no Produto Interno Bruto, com predominância daquelas em que o peso do agronegócio é menor, como o Rio de Janeiro e Pernambuco. Em contraste, “os estados com resultados mais favoráveis são aqueles influenciados pelo excelente desempenho das safras agrícolas este ano”. Assim, o Mato Grosso – maior produtor nacional de grãos - deve crescer 5,1%; Goiás, 2,2%; Santa Catarina, 2%; Tocantins, 1,9%; Piauí, 1,7%, Paraná, 17%; e Rio Grande do Sul, 1,5%.

O profundo ciclo recessivo perdurou de meados de 2014 até o final de 2016, período em que o PIB per capita contraiu quase 10%. “A atividade econômica brasileira vem mostrando sinais cada vez mais claros de que o pior ficou para trás”, diz o estudo, que projeta crescimento de 0,5% do PIB para este ano e 2,5% para 2018. A dinâmica mais benigna em 2017 é marcada pelo “recuo disseminado da inflação, cortes agressivos da taxa de juros, redução do risco-país, tendência de alta dos indicadores de confiança e estabilização do mercado de trabalho”.

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De modo geral, os estados do Centro-Sul crescem mais rápido, enquanto as regiões Norte e Nordeste enfrentam mais dificuldades para retomar o crescimento. O estudo ressalta, no entanto, “o extraordinário incremento das safras de grãos” (notavelmente, soja e milho), que têm pesos bastante significativos também no Centro-Oeste e no chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). No Piauí, por exemplo, o crescimento físico da safra de soja foi de 212% em relação ao ciclo anterior e, no milho, foi de 161%. No Maranhão o crescimento foi 102% e 139%, para soja e milho, respectivamente.

Além do efeito direto da maior produção agrícola na composição do PIB, ressalta-se o impacto indireto sobre a renda local, ou seja, o contágio positivo que se propaga para as atividades de comércio e serviços.

No Paraná, de acordo com o estudo, o crescimento real do PIB agropecuário deverá ser de 8,7%, enquanto a indústria deve expandir 1,7% e o setor de serviços 0,7%.

Nos próximos anos, segundo o estudo do Santander, as diferenças de crescimento regional no Brasil deverão se reduzir, já que a previsão é de melhora generalizada no mercado de trabalho. Por outro lado, o PIB agropecuário “deverá destoar menos dos demais, dado que parece improvável que os números excepcionais de 2017 se repitam - ainda que a produtividade do campo venha crescendo de forma consistente”.

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