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O herbicida à base de glifosato foi desenvolvido pela Monsanto em 1970 e é atualmente um dos mais utilizados ao redor do mundo. | JONATHAN CAMPOS/Gazeta do Povo
O herbicida à base de glifosato foi desenvolvido pela Monsanto em 1970 e é atualmente um dos mais utilizados ao redor do mundo.| Foto: JONATHAN CAMPOS/Gazeta do Povo

A Bayer entrou com recurso na justiça americana nesta terça-feira (19) para tentar reverter a condenação no caso do zelador que alega ter câncer por causa da exposição ao Roundup, defensivo da Monsanto à base de glifosato. A ação ocorreu no mesmo dia em que a empresa incluiu em sua programação anual na sede da empresa, na Alemanha, um debate para defender o produto. 

A Bayer, que comprou a Monsanto em junho, diz que o herbicida não causa a doença e pede que a sentença seja revisada ou anulada.

Em agosto, um júri da Califórnia condenou a Monsanto a indenizar o zelador de escola Dewayne Johnson em US$ 289 milhões (R$ 1,1 bilhão) em uma primeira decisão favorável do tipo em um dos 5.000 processos que tramitam nos Estados Unidos. “Apesar de sermos solidários ao senhor Johnson e sua família, glifosato não é responsável pela doença dele e o veredito nesse caso deve ser revertido ou anulado”, disse a Bayer em nota.

Na decisão, a corte entendeu que a Monsanto falhou em comunicar os riscos do produto.

O herbicida à base de glifosato foi desenvolvido pela Monsanto em 1970 e é atualmente um dos mais utilizados ao redor do mundo. “A Bayer vai vigorosamente defender os produtos”, diz a empresa. Segundo a companhia, existem mais de 800 estudos em diversos países que atestam a segurança do defensivo.

Outra frente de atuação para convencer a opinião pública da segurança do agroquímico é fazer com que produtores defendam o produto publicamente.

Em Monheim, Alemanha, executivos e produtores fizeram defesa apaixonada do defensivo. Na ocasião, Guy Smith, produtor inglês e diretor do sindicato nacional de produtores, comparou o uso do produto, há quatro décadas no mercado, com o fato de as pessoas continuarem a beber água. “É o mesmo que perguntar ‘por que vocês continuam bebendo água, ela tem estado aí há milhares de anos’“, disse.

“As pessoas só questionam a segurança de agrotóxicos porque não acreditam nos órgãos reguladores responsáveis por definir as regras e aprovar a venda desses produtos”, afirmou Liam Condon, presidente da divisão de agronegócio da Bayer. “Quando as pessoas não confiam no regulador, vão questionar a segurança. Mas no final, o regulador determinou quais são os padrões de segurança. Se as pessoas não confiam no produto, elas não confiam no regulador.”

NO BRASIL

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ibama (órgão de meio ambiente), dois dos órgãos reguladores responsáveis pela aprovação de novos defensivos agrícolas no Brasil, ao lado do Ministério da Agricultura, entraram em rota de colisão com empresas do setor, Congresso e produtores rurais ao criticar o projeto de lei que muda a regulação de controladores de pragas no país. O texto tramita no Congresso.

Enquanto as agências reguladoras dizem que perderiam poder de veto a produtos perigosos, deixando a tarefa sob responsabilidade das pasta da Agricultura, produtores e empresas afirmam que produtos químicos mais eficientes e seguros já existem em outros países e deveriam ser oferecidos aos agricultores brasileiros com mais agilidade, em linha com o que ocorre no exterior.

Para o presidente de agronegócio da Bayer, cada defensivo agrícola leva dez anos para ser desenvolvido, porque o processo envolve todos os testes e estudos que provem a segurança de uso. Depois da aprovação em outros países e a entrega da documentação no Brasil, leva ainda outros seis a sete anos para que ele chegue ao mercado brasileiro. “Todos os produtos sofrem o mesmo problema de um processo alongado de aprovação sem adicionar valor. O processo seria aceitável se adicionasse segurança aos produtos, mas não adiciona”, diz o executivo da Bayer.

Além do debate sobre novos produtos, a companhia alemã enfrenta agora os ataques dedicados até então à Monsanto, cuja compra foi concluída em junho por US$ 63 bilhões (R$ 273,9 bilhões). 

Em agosto, a Justiça brasileira concedeu uma liminar que impedia a comercialização do glifosato caso a licença do herbicida não fosse reavaliada pela Anvisa. A liminar foi revogada.

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