Na contramão de outros setores da economia brasileira, a agroindústria fechou 2015 com um saldo positivo na geração de emprego. Foram criados 9.821 postos de trabalho, um crescimento de 0,63%. Nos últimos 12 meses, foram 1,070 mi admissões e 1,06 mi demissões. Os dados são do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O bom resultado do agronegócio no ano passado reverte o quadro de 2014, quando houve um saldo negativo de 370 empregos com carteira assinada.
Força do campo
Das 20 cidades paranaenses que mais geraram postos de trabalho em 2015, 14 possuem algum tipo de vínculo com a atividade, segundo dados do Caged e da Ocepar. Destas, seis são sedes de cooperativas que faturaram mais de R$ 1 bilhão em 2014 – Medianeira, Cascavel, Cafelândia, Palotina, Marechal Cândido Rondon e Londrina.
Quase 80% das exportações do Paraná em 2015 saíram do campo
Bom desempenho do agronegócio nas exportações foi resultado da safra recorde e da desvalorização da moeda brasileira
Leia a matéria completaNo Paraná, a agroindústria também teve um resultado satisfatório, com 3.067 mil vagas criadas no ano passado, uma variação de 2,85%, acima da média nacional. Já o país fechou em 2015 um total de 1,542 milhão de postos de trabalho com carteira assinada em todos oito setores pesquisados. O dado é o pior da série histórica iniciada em 1992, segundo o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto.
De acordo com o analista técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, as cooperativas de carnes, laticínios, grãos foram as grandes responsáveis por este saldo positivo. “A safra recorde e a rápida desvalorização do real em 2015 garantiram competitividade aos produtos brasileiros. Embora o mercado por aqui esteja desaquecido, o alimento é a última coisa que as pessoas deixam de comprar”, afirma.
O planejamento estratégico das cooperativas dos Paraná também colaborou. O setor segue inaugurando indústrias em várias partes do estado e, consequentemente, movimentando os bancos de vagas das empresas de recursos humanos. “Cooperativas de carnes, leite e grãos tiveram um ano bastante produtivo e com bastante demanda de mão de obra qualificada e técnica. Quem não contratou, não demitiu”, disse Mafioletti.
Exemplos não faltam. Para os próximos anos, mais de 6 mil novos empregos diretos serão abertos no Paraná. Em outubro, as cooperativas dos Campos Gerais – Castrolanda, Frísia e Capal – inauguraram a unidade industrial de carne Alegra Foods. Na primeira etapa, a indústria contratou 750 funcionários para processar 2,3 mil suínos/dia e 1,8 mil toneladas de industrializados/mês. Com o plano de dobrar a produção até 2019, mais vagas de empregos serão abertas.
No outro lado do estado, em Assis Chateaubriand, a Frimesa – cooperativa central que pertence a Copagril, Lar, C. Vale, Copacol e Primato - está construindo o que será o maior frigorífico para abate e processamento de suínos do país. A promessa é de 2 mil empregos logo na inauguração e outros 3,5 mil em uma segunda etapa. Além disso, a previsão é que a unidade gere outros 8,5 mil postos indiretos em toda a cadeia produtiva.
O superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Humberto Malucelli Neto, diz que o trabalho no campo mudou bastante nos últimos anos. Embora muitas culturas dependam do trabalho manual, grande parte da produção rural é mecanizada. “As empresas e cooperativas são as grandes empregadoras do setor. E elas têm uma demanda de trabalhadores cada vez mais qualificados, que operem, decidam. E essa busca por qualificação tem crescido”, diz.
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