Em outubro, as cooperativas dos Campos Gerais – Castrolanda, Frísia e Capal – inauguraram a unidade industrial de carne Alegra Foods. Na primeira etapa, a indústria contratou 750 funcionários.| Foto: Divulgacao Alegra/Gazeta do Povo

Na contramão de outros setores da economia brasileira, a agroindústria fechou 2015 com um saldo positivo na geração de emprego. Foram criados 9.821 postos de trabalho, um crescimento de 0,63%. Nos últimos 12 meses, foram 1,070 mi admissões e 1,06 mi demissões. Os dados são do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O bom resultado do agronegócio no ano passado reverte o quadro de 2014, quando houve um saldo negativo de 370 empregos com carteira assinada.

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Força do campo

Das 20 cidades paranaenses que mais geraram postos de trabalho em 2015, 14 possuem algum tipo de vínculo com a atividade, segundo dados do Caged e da Ocepar. Destas, seis são sedes de cooperativas que faturaram mais de R$ 1 bilhão em 2014 – Medianeira, Cascavel, Cafelândia, Palotina, Marechal Cândido Rondon e Londrina.

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No Paraná, a agroindústria também teve um resultado satisfatório, com 3.067 mil vagas criadas no ano passado, uma variação de 2,85%, acima da média nacional. Já o país fechou em 2015 um total de 1,542 milhão de postos de trabalho com carteira assinada em todos oito setores pesquisados. O dado é o pior da série histórica iniciada em 1992, segundo o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto.

De acordo com o analista técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, as cooperativas de carnes, laticínios, grãos foram as grandes responsáveis por este saldo positivo. “A safra recorde e a rápida desvalorização do real em 2015 garantiram competitividade aos produtos brasileiros. Embora o mercado por aqui esteja desaquecido, o alimento é a última coisa que as pessoas deixam de comprar”, afirma.

O planejamento estratégico das cooperativas dos Paraná também colaborou. O setor segue inaugurando indústrias em várias partes do estado e, consequentemente, movimentando os bancos de vagas das empresas de recursos humanos. “Cooperativas de carnes, leite e grãos tiveram um ano bastante produtivo e com bastante demanda de mão de obra qualificada e técnica. Quem não contratou, não demitiu”, disse Mafioletti.

Exemplos não faltam. Para os próximos anos, mais de 6 mil novos empregos diretos serão abertos no Paraná. Em outubro, as cooperativas dos Campos Gerais – Castrolanda, Frísia e Capal – inauguraram a unidade industrial de carne Alegra Foods. Na primeira etapa, a indústria contratou 750 funcionários para processar 2,3 mil suínos/dia e 1,8 mil toneladas de industrializados/mês. Com o plano de dobrar a produção até 2019, mais vagas de empregos serão abertas.

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No outro lado do estado, em Assis Chateaubriand, a Frimesa – cooperativa central que pertence a Copagril, Lar, C. Vale, Copacol e Primato - está construindo o que será o maior frigorífico para abate e processamento de suínos do país. A promessa é de 2 mil empregos logo na inauguração e outros 3,5 mil em uma segunda etapa. Além disso, a previsão é que a unidade gere outros 8,5 mil postos indiretos em toda a cadeia produtiva.

O superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Humberto Malucelli Neto, diz que o trabalho no campo mudou bastante nos últimos anos. Embora muitas culturas dependam do trabalho manual, grande parte da produção rural é mecanizada. “As empresas e cooperativas são as grandes empregadoras do setor. E elas têm uma demanda de trabalhadores cada vez mais qualificados, que operem, decidam. E essa busca por qualificação tem crescido”, diz.