Já faz uma semana, mas vale a pena voltar ao caso do advogado José Roberto Batochio, que defende o ex-presidente Lula. Sobre sua fala e posicionamento em audiência com o juiz Sérgio Moro, quando sugere que o Paraná seria provinciano e o estado uma região agrícola. É importante trazer mais alguns esclarecimentos. E não se trata de ufanismo, vaidades ou uma reação de quem se sentiu ofendido pelas declarações. Embora como cidadão, e de certa agrícola, o que vou colocar aqui não tem nada de passional. São constatações a partir de números. São dados técnicos e econômicos, não só de um estado, mas de um país que tem vocação natural ao agronegócio.
De certa forma, o fato é que o advogado acabou sendo informado/esclarecido sobre o Paraná por diversas outras fontes, pelo próprio agronegócio Gazeta do Povo e, inclusive, pela The Economist uma das revistas de política e economia mais famosas e respeitadas no mundo. Enquanto a Gazeta do Povo listou motivos que orgulham o Paraná de ser um estado agrícola, a revista destacou a economia paranaense e citou empresas agrícolas, como a cooperativa Coamo. Na edição da semana passada, a publicação mostra a economia dos estados sulistas como a mais diversificada e resiliente do país.
Cinco motivos que fazem do Paraná uma “região agrícola”, com muito orgulho
Leia a matéria completaSegundo maior produtor agrícola do Brasil, quase 35% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado tem origem no agronegócio. Isso graças não apenas à produção primária, como à cadeia de transformação e agregação de valor. O Paraná é a unidade mais agroindustrial do país. Os produtos e derivados da agricultura e pecuária do estado têm como destino todos os estados brasileiros e mais de 150 países. Um ambiente que tem muito de conhecimento e tecnologia, informação, planejamento e estratégia.
Ainda do ponto de vista da economia, 70% de tudo que deixa o estado via Porto de Paranaguá é produto do agronegócio. No Brasil, onde a economia agrícola é tão relevante quanto em território paranaense, quase metade das exportações é do agronegócio. Isso mesmo, de todos os embarques, de todos os segmentos, 50% têm origem no campo. O reflexo está nos números da balança comercial. O saldo entre exportações e importações só é positivo graças ao agronegócio, único segmento com superávit, suficiente inclusive para cobrir o déficit dos outros setores. Dos dez produtos que lideram a pauta das exportações, sete são agro.
Em resumo, esta é uma discussão que passa pelo abastecimento e segurança alimentar. É geração de emprego e renda. É desenvolvimento econômico e social. Portanto, é por tudo isso que nós somos, sim, um estado agrícola. Assim, nobre advogado, em meio à crise política e econômica que assola o Brasil, do qual o seu cliente é um dos responsáveis, somos mais do que um estado, somos um país agrícola, Graças a Deus! E se não fosse esse Paraná agrícola, ou esse Brasil agrícola, a situação estaria ainda pior.
Intervenção no trigo
Demorou, mas saiu. Conforme antecipamos na coluna da semana passada, o governo federal confirmou a intervenção no mercado do trigo. A portaria que libera R$ 150 milhões para apoiar a comercialização do cereal foi assinada na sexta-feira pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura. Isso mesmo, por três ministros. O que guarda a chave do cofre, o que cuida da destinação dos recursos e aquele que em tese cuida da agricultura.
O primeiro leilão está marcado para a próxima sexta-feira, 02 de dezembro. O recurso será aplicado em operações de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e Prêmio para Escoamento do Produto (PEP). A intenção é intermediar a comercialização de 215 mil toneladas, sendo 100 mil para o Paraná, 100 mil no Rio Grande do Sul e 15 mil para Santa Catarina. O objetivo é garantir o preço mínimo ao produtor de R$ 644,17/tonelada ou R$ 38,65/saca para o trigo pão tipo 1. No Paraná, estado que produz mais de 60% do trigo nacional, na semana passada a cotação fechou a R$ 34,82/saca na média da sexta-feira.
A demora e a necessidade do aval de três ministérios na intervenção se explicam pelo interesse não apenas do poder público, como do setor privado. Neste caso, mais dos moinhos do que do produtor. Quem espera o apoio do governo, isso desde setembro, há quase três meses, quando o preço pago pela saca de 60 quilos veio abaixo do mínimo, é o produtor. Desde então, além de não aferir renda com a produção, o produtor de trigo não está cobrindo nem os custos de produção.
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