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Entrevista

Carne suína deixa posto de inimiga da saúde e vira até dieta hospitalar

 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
(Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Em todo o mundo, a carne mais consumida é a suína: foram 111,17 milhões de toneladas em 2015, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Pelas previsões do setor, no entanto, até 2024 ela deve ser superada pelo frango. A competição acirrada movimenta os embarques internacionais. Apesar disso, para o brasileiro em geral, tanto aves quanto suínos costumam ser vistos mais como substitutos à carne bovina, nos momentos de oscilação no preço do boi, do que a primeira opção no balcão do açougue.

“O que mais atrapalhou foram os mitos, principalmente no caso dos suínos”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, nesta entrevista exclusiva ao Agronegócio da Gazeta do Povo. Turra será um dos palestrantes do Fórum de Agricultura da América do Sul, nos dias 25 e 26 de agosto, em Curitiba.

Agronegócio Gazeta do Povo: Quais os pontos principais que o senhor pretende abordar durante o Fórum?

Francisco Turra: Vamos apresentar a excelência do mercado de carnes e a oportunidade que temos pela frente. O agronegócio é o Brasil que deu certo e a proteína animal é a vedete do setor. As nossas carnes sustentam uma condição rara: não fomos afetados pela questão da gripe aviária e nos libertamos da peste suína. A febre aftosa também já é coisa do passado. A sanidade é o nosso grande trunfo no mercado internacional.

Agro GP: As carnes suína e de frango costumam aparecer como substitutas à bovina, cujo preço vem oscilando. Por que elas ainda não são as principais?

FT: O que mais atrapalhou foram os mitos, principalmente no caso dos suínos. A população tinha como conceito que o porco era um animal que comia restos e sujeira, que a carne dele fazia mal. Mas hoje é diferente. A criação é altamente tecnológica e higiênica. No caso das aves, havia a questão de que o frango teria muitos hormônios, o que prejudicou um pouco. Mas estamos fazendo um trabalho de informação junto a chefs de cozinha, nutrólogos e especialistas pelo mundo afora, para desmistificar isso tudo. Hoje, a carne suína é recomendada até por médicos em dietas hospitalares.

Agro GP: Para o futuro, quais as expectativas?

FT: Segundo previsões do Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas, até 2025, o consumo mundial de carnes deve aumentar em 23 milhões de toneladas e o Brasil vai ser responsável por 40% desse “plus”. Atualmente, nossa produção está em 25 milhões de toneladas. Temos um grande desafio, mas acredito que somos capazes de dar conta. O Brasil está caminhando bem, porém, precisamos consolidar esse trabalho de divulgação do conhecimento, para mostrar ao público o que o agronegócio realmente é.

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