Com o tema ‘Safra cheia desafia mercado e retomada da produção no Brasil’, o primeiro seminário da Expedição Safra 2016/17 foi realizado nesta quinta-feira (24), em Cruz Alta, no Noroeste gaúcho. Cerca de 60 pessoas assistiram as palestras técnicas e de mercado, promovidas na unidade da cooperativa C.Vale no município. É a segunda vez que a Expedição Safra faz um seminário na cidade.
O coordenador do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, Giovani Ferreira, diz que apesar da crise política e econômica do país, o agronegócio brasileiro vai continuar crescendo e evitando quedas acentuadas no PIB. Segundo projeções da Expedição Safra, em 2016, o Brasil deve ter um PIB de -3,5%, enquanto o agronegócio deve subir 2%. “Nossa crise não é de conjuntural. É estrutural. E mesmo assim, o agronegócio caminha ao largo da crise. Por isso é importante produzir e investir. O campo é a vocação natural do país. E o horizonte é muito promissor”, afirma.
Segundo Ferreira, o agronegócio brasileiro viveu uma década de ouro, quando a produção saltou de 100 milhões para 200 milhões. “Não foi só a produção, nós modernizamos o agronegócio brasileiro e ampliamos mercados”, diz. O momento agora é de cautela. As taxas estão mais adequadas, o ritmo mais ajustado, os estoques altos e o câmbio mudando as referências e variáveis. “Mas o ambiente é favorável para o futuro”.
Para aproveitar as oportunidades dos próximos anos, segundo o coordenador do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, o Brasil precisa de estratégia, eficiência e competitividade. “A demanda segue crescendo e o país se consolida como fornecedor. Por isso é importante novos investimentos em infraestrutura, tecnologia e política comercial. Precisamos de informação e planejamento”, reforça.
Safra 2016/17
Projeções da Expedição Safra indicam que o Brasil deve colher 215 milhões de toneladas de grãos em na safra atual. Ao todo, serão 100 mi de t de soja (2% a mais que nada safra passada) e 82 mi de t de milho (um acréscimo de 7%). “Se isso acontecer, estaremos replicando o volume esperado para o ano passado, que não aconteceu por causa do clima”, explica Giovani Ferreira.
Para falar dos preços, o coordenador do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, citou a safra histórica dos Estados Unidos, onde foram colhidos mais 515 milhões de toneladas grãos. “A safra foi fantástica do ponto de vista climático e expôs todo o potencial tecnológico. Lá, a safra já foi precificada, e Chicago não teve grandes alterações. Agora é preciso aguardar os resultados da América do Sul. Nos últimos meses, nós tivemos ótimas oportunidades de negócios por aqui. E os preços ainda estão bons. No futuro, não é possível ter certeza de que os preços vão continuar em patamares semelhantes. Pode ser que sim, mas a tendência é de queda. Vai depender da demanda”.
Fertilizantes
Segundo o analista de mercado, da consultoria FC Stone, Fábio Rezende, o Brasil importa 70% dos insumos que consome. Nos próximos meses, afirma, a tendência para os nitrogenados é de alta, para os fosfatados é de baixa e pro potássio é de estabilidade, dependendo do câmbio. Rezende é especialista em insumos. “No caso dos nitrogenados, a oferta mundial está restrita, por causa de cortes de produção na China, onde os custos de produção subiram muito. Em relação aos fosfatados, a entrada de novas unidades produtivas e a queda de demanda sazonal nos próximos meses, puxaram os preços para baixo. Em relação ao potássio, a tendência é de queda. Os grandes produtores conseguiram estabilizar o mercado, mesmo com a queda na demanda”, explica.
No caso dos fertilizantes, nos próximos meses, o produtor brasileiro está convivendo com preços estáveis, mas a situação deve mudar no futuro, principalmente na safrinha de milho e trigo. “Como essas culturas são muito dependentes dos nitrogenados, a tendência é que os custos aumentem um pouco”, afirma.
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