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Centro-Oeste dribla chuva e fica de olho em seca na Argentina

Corrida contra a chuva: 25% da soja em Goiás já foi colhida. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Corrida contra a chuva: 25% da soja em Goiás já foi colhida. (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

As regiões Sul e Sudoeste de Goiás tiveram uma semana agitada. A última estatística oficial da Federação da Agricultura do estado apresentava a colheita de soja em 5%. Contudo, produtores da região e a cooperativa Comigo, de Rio Verde, adiantaram informações à equipe da Expedição Safra, e a média já está perto de 25%.

Essa corrida foi literalmente contra o tempo. A previsão para é para chuva nesta semana. “Aluguei três colheitadeiras, ao invés de duas. Assim posso adiantar a colheita”, diz o produtor Natal Silva de Moura, de Itumbiara, que produziu 180 hectares. Na sequência, ele vai distribuir milho e milheto para a segunda safra.

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A aceleração na colheita também aconteceu para ganhar o tempo perdido devido à estiagem que atingiu várias partes do Brasil e atrasou o plantio no último trimestre de 2017. “Em relação aos anos normais a safra atrasou uns 30 dias”, constata Welton Vieira Menezes, superintendente de comercialização da Cooperativa Comigo, de Rio Verde. “Mas temos muitas lavouras verdes. As chuvas não vieram de forma uniforme”.

Dessecar, colher, plantar

A estratégia para evitar perdas após a dessecação da soja também foi adotada por colegas de Moura, segundo Wagner Nunes Garcia, engenheiro agrônomo e diretor do Sindicato Rural de Itumbiara. Apesar disso, o impacto direto será na segunda safra, a safrinha, que - junto com o atraso da primeira safra - já sofre com o desestímulo do preço do milho. “Por aqui creio que a safrinha vai ser uns 60% do ano passado”, comenta Garcia.

Mas há um contraponto que incentiva a produção: Goiás é o terceiro maior produtor da safrinha no Brasil. Esse é um dos motivos, além do clima, que fizeram muitos produtores correrem para colher a soja precoce e semi-precoce, uma vez que precisam aproveitar a janela de plantio do segundo semestre.

“Nosso estado é um grande exportador de milho, não só para fora do Brasil, mas também para outros estados, como Minas Gerais e São Paulo”, afirma Vieira Menezes. Um exemplo disso é João Luiz Giraldi, cooperado e produtor da região.

Giraldi destinou 1,2 mil hectares para o plantio de soja e vai colocar 1 mil “à disposição do milho”. Na propriedade dele, após as colheitadeiras passarem, imediatamente entra em campo a máquina de plantio para o milho. “Pretendo terminar até o dia 28 de fevereiro”, conta o agricultor, confirmando que o atraso da soja impactou diretamente na safrinha.

De olho na Argentina

O superintendente da Comigo destaca ainda outro ponto de atenção. Há uma forte seca se arrastando desde o ano passado na Argentina, o que vai impactar diretamente os preços de soja e de milho no mundo.

A Bolsa de Rosário estima a produção atual em 52 milhões de toneladas, quase 20% a menos que o ano passado. A entidade também reduziu a estimativa para o milho em 4%, passando a 39,9 milhões de toneladas. Com isso, não só Goiás, mas todo o Brasil devem assumir boa parcela desse mercado “perdido”.

“Se não chover em dez dias na Argentina, isso vai se refletir no Brasil. A Bolsa de Chicago já está precificando nas cotações”, opina Menezes.

Se a previsão se confirmar, Luiz Giraldi, que evitou fazer muitos contratos antecipados nesta safra, será um dos beneficiados. Com um bom trabalho de agricultura de precisão, ele espera aumentar sua produtividade em relação ao ano passado, pulando de 65 para quase 70 sacas de soja por hectare.

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