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expedição safra

Soja do Mato Grosso está pronta. O problema é tirá-la do campo

Chuvas têm impedido a colheita em várias regiões de Mato Grosso. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Chuvas têm impedido a colheita em várias regiões de Mato Grosso. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Ao perguntar para qualquer produtor brasileiro o segredo para uma boa colheita, as respostas podem variar um pouco, mas dificilmente algum vai deixar de citar tecnologia, qualidade do solo e, principalmente, o clima. E, nos últimos ciclos, é o último que tem determinado o tamanho da safra. No ano passado foi espetacular. Não importa o estado, é difícil encontrar um agricultor que não elogie São Pedro. Não é para menos: o clima neutro, sem influência de nenhum fenômeno, possibilitou que o Brasil obtivesse o melhor desempenho da história no campo.

Mas e agora? Bom, o jogo não virou, mas também não está perfeito. Na região Médio-Norte do Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, o plantio começou atrasado em relação à safra passada por causa de uma estiagem severa. É preciso lembrar, no entanto, que o Mato Grosso corresponde a 10% do território nacional, ou seja, uma cidade pode viver uma realidade completamente diferente da vizinha.

Em Sorriso, município que mais produz soja na região, 25% dos 700 mil hectares dedicados à oleaginosa já foram colhidos. A produtividade média lá gira em torno de 60 sacas por hectare. Situação bem diferente de Nova Mutum, localizada a apenas 159 km ao Sul de Sorriso, onde apenas 8% dos 410 mil hectares foram colhidos. “A diferença está no clima. Em algumas cidades, o tempo permitiu um plantio precoce e que a colheita fosse feita antes”, conta gerente regional da C.Vale no Mato Grosso, Jaime Jairo Radtke. A cooperativa paranaense conta com 14 unidades em Mato Grosso.

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Neste momento, está chovendo muito na região. Segundo Radtke, para os produtores que plantaram soja de ciclo indeterminado, elas são benéficas. As lavouras estão saudáveis, sem grandes incidências de pragas e doenças ao longo da BR-163, nas cidades em que a cooperativa atua. Mas acende o sinal amarelo para os produtores com plantas de ciclo determinado. “Tem lavouras dessecadas prontas para serem colhidas. Se forem só pancadas, tudo bem. O tempo abre e em quatro horas as máquinas estão colhendo. Mas se for uma chuva contínua, aí é possível ter problema. É justamente o que preocupa, já que a previsão indica chuvas por mais alguns dias”, diz Amarildo Mancini, gerente da unidade da C.Vale em Nova Mutum.

O produtor João Marcelo Verrísmo, que semeou 1.200 hectares na cidade, diz que colheu 330 hectares, com uma produtividade média de 60 sacas/ha. “Precisei da ajuda dos vizinhos, colocamos várias colheitadeiras para dar conta de colher o que já estava dessecado”. Ele espera que o tempo colabore para que o trabalho na lavoura continue.

Os agricultores Irineu e Irivelton Becker, pai e filho, também. Até agora, eles colheram 60 dos 650 hectares plantados com soja. Por enquanto, a média está em 71 sacas por hectare, perto do recorde obtido no ano passado, de 73 sc/ha em alguns talhões. “No fim fechamos em 61 sacas, o que está de bom tamanho”, conta Irivelton. Segundo o pai, a expectativa é boa, mas a colheita está apenas começando. “Ainda tem muita água para rolar. O forte da colheita ainda não começou”, alerta Irineu.

O ânimo com os índices de produtividade não compensam a frustração com o preço. Em janeiro do ano passado, a saca de 60 quilos da oleaginosa estava cotada a R$ 60. Neste ano, a R$ 53. “Isso aumenta nosso custo de produção”, diz Irineu Becker, que comercializou 25% da safra antecipadamente. “Os custos aumentaram 15%, em média. O preço não está dos melhores”, desafaba Veríssimo.

Nesta terça-feira (31), a equipe da Expedição Safra visita o IMEA, em Cuiabá. Acompanha a live no Facebook do AgroGP.

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