| Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo

Entre os Campos Gerais e o Norte Pioneiro do Paraná, ao sul da divisa com São Paulo, as lavouras de soja se recuperaram bem do tempo seco em dezembro e podem até manter a produtividade do último ciclo de verão. Adentrando no mapa paulista, no entanto, a estratégia de semear variedades superprecoces para criar uma janela ideal de cultivo da safra seguinte de milho não deu muito certo nesta temporada.

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Nos 70 mil hectares cultivados por associados da Cooperativa Capal em São Paulo a estimativa é de uma quebra de 10% a 15% no volume a ser colhido. “O pessoal que usou uma soja superprecoce para antecipar a colheita e logo entrar com o milho safrinha sofreu um pouco mais. Teremos quebra em relação ao que tínhamos previsto, mas não em comparação ao ano passado, quando a estiagem prejudicou muito a safrinha em São Paulo e as perdas foram fortes, de 40% em média”, diz Adilson Fuga, presidente executivo da Capal Cooperativa Agroindustrial. A área de influência da cooperativa, que tem sede no município paranaense de Arapoti, se divide quase meio a meio entre o Paraná e São Paulo.

Adilson Fuga, presidente executivo da Capal 
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No lado paranaense da divisa, por causa do clima mais frio, é o trigo, e não o milho safrinha, que acaba sendo uma opção de inverno. Mas o milho continua um insumo fundamental. Para atender a necessidade de ração para suínos e gado de leite de seus cooperados, a Capal precisa buscar “fora”, em cooperativas e fornecedores de outras regiões, 60% do milho consumido, em torno de 80 mil toneladas.

As projeções da Capal, de perda maior do lado paulista da divisa, estão em linha com o levantamento do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná. Nas regiões dos Campos Gerais e Norte Pioneiro, segundo o levantamento de janeiro do Deral, as perdas pela estiagem devem ficar entre 3% e 7%. Em todo o Paraná, no entanto, a retração da safra, inicialmente projetada em 19,5 milhões de toneladas, foi de 14% e atualmente fala-se numa colheita de 16,8 milhões de toneladas. As regiões mais atingidas são o Oeste e Sudoeste do estado, que costumam plantar mais cedo.

Em 2018, apesar do cenário político instável, da greve dos caminhoneiros e do efeito negativo da Operação Trapaça (desdobramento da Operação Carne Fraca), a Capal cresceu 20% e atingiu faturamento de R$ 1,4 bilhão. “Hoje o cenário é mais favorável, o mercado vê 2019 como um ano promissor, com ambiente empresarial positivo, e temos expectativa de que as reformas devam acontecer. Estamos muito otimistas de que as coisas vão tomar outro rumo”, diz Fuga.

Fundada em 1960, a cooperativa Capal conta atualmente com quase 3.000 associados em 14 unidades de negócios, no Paraná e em São Paulo. A cadeia agrícola responde por 70% das operações da cooperativa, que atua nos segmentos de carne suína, leite e grãos.

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Sede da Capal em Arapoti (PR)