Lucas do Rio Verde é uma cidade nova. Até o início dos anos de 1980, eram pouco menos de cem colonizadores gaúchos e paulistas. Mas o local cresceu e a cidade foi emancipada em 1988, já com 5,5 mil habitantes. Hoje, esse número está em aproximadamente 60 mil pessoas e uma certeza: milho e suínos foram fundamentais para essa expansão relâmpago.
“É uma cidade com vocação natural para a suinocultura. Não foi a toa que a Sadia (BRF) se instalou aqui e abate 5 mil suínos por dia”, afirma o secretário da Agricultura e Meio Ambiente do município, Márcio Albieri. Desde 2008 a empresa mantém um frigorífico em Lucas e, hoje, é a maior contribuinte do município, recebendo também leitões de cidades nos arredores, como Tapurah.
Neste sentido, Leonardo Lopes - representante da Associação dos Produtores Integrados na Suinocultura do Médio Norte do Estado de Mato Grosso (Aprismat) - confirma que a história de Lucas do Rio Verde é intimamente ligada à produção de suínos.
“A suinocultura iniciou em 89 em Lucas, com cem leitoas e foi fortalecida com a criação da Cooagril (Cooperativa Agropecuária e Industrial Luverdense), o que levou à produção do ciclo completo (do nascimento ao abate) na cidade. Até 1999, o suíno criado aqui ia para Goiás, São Paulo e até para o Paraná para ser abatido”, diz.
Mas há um elemento-chave na expansão suína, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Fábio Raabe. “Os grãos são o carro chefe da cidade”, afirma Raabe, explicando que a forte produção de soja e, principalmente, milho serve em grande parte para ração animal, o que leva muitos produtores a se estabelecerem na região. a
Da madeira para a suinocultura
Uma das famílias pioneiras na cidade que mescla plantio e produção de suínos é a Nadin. “Meu pai chegou aqui com meu avô na década de 90, após a serralheira que eles tinham em Santa Catarina sofrer com duas enchentes”, afirma Robson Nadin, que hoje segue a produção de suínos como integrado da BRF junto com o pai Clair Nadin, desde 2008.
A família também produz grãos e se destaca por ser uma das fundadoras da primeira cooperativa local, a Cooagril, além receber 9 mil leitões da BRF para engorda. Após o leitão atingir 60 dias e 60 kg, ele fica mais 70 dias sob os cuidados dos Nadin, até chegar a 125 kg e ir para o abate.
Mas outro detalhe chama a atenção. Na atual seca que atinge o Brasil e o Mato Grosso, Robson foi um dos poucos agricultores que já conseguiu iniciar o plantio de soja, e em parte isso se deve aos suínos. Isso ocorre porque a criação de suínos auxilia diretamente na agricultura, já que a criação possui um sistema biodigestor, que transforma os dejetos em energia para os pivôs (irrigadores agrícolas) e fertilizantes para o solo.
Suporte para produtores
Leonardo Lopes resume as vantagens da cidade e do estado que fazem das terras mato-grossenses o local ideal para o investimento na suinocultura: “Aqui temos, provavelmente, as melhores condições do mundo para as criações: água em abundância, clima perfeito, mão de obra e, claro, o milho, que representa 70% do custo de produção de um suíno”. Apesar disso, ele faz uma crítica: ainda faltam linhas de crédito para os pequenos e médios produtores.
Apesar disso, no que depender da prefeitura, a produção deve ampliar ainda mais. “Estamos com dois projetos que devem começar em 2018”, diz Marcio Albieri. Um deles, o Aprocarne, será um abatedouro para médios produtores. Já os pequenos produtores devem ter a construção de mini abatedouros comunitários. Ambos são para produtores não integrados da BRF - e devem dar ainda mais vida à já próspera suinocultura de Lucas do Rio Verde.
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