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Terminal de contêineres reefers da Brado Logística, em Cambé (PR) | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Terminal de contêineres reefers da Brado Logística, em Cambé (PR)| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O recorde histórico de exportações, no mês de julho, mostra que o mercado internacional mantém o apetite pelo frango brasileiro e que, apesar de restrições impostas pela União Europeia e sobretaxas da China, outro países se apresentam na fila para levar uma das fontes de proteína animal mais saudáveis e baratas no mercado.

No encerramento da Expedição Avicultura 2018 – uma iniciativa do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo – nesta quarta-feira (08), em Cambé, Norte do Paraná, o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, disse acreditar que o setor ficará próximo do desempenho do ano passado, quando foram exportadas 4,3 milhões de toneladas. É um desafio e tanto, já que, no primeiro semestre, em função do embargo europeu, da greve dos caminhoneiros e das sobretaxas chinesas, os embarques se limitaram a 1,9 milhão de toneladas. “Não é uma agressão, um embargo comercial que se faz, que nós vamos sentir fortemente. Esses produtos vão ser dirigidos a outros países”, disse Martins.

Os estoques represados pela greve dos caminhoneiros podem ter provocado a avalanche das exportações no mês de julho (recorde de 463,1 mil toneladas embarcadas), segundo o dirigente do Sindiavipar. “Mas a retomada está existindo. Recuperar totalmente é difícil, em função do pouco tempo que temos pela frente, e porque houve um alojamento menor de aves, ou seja, há escassez de ovos férteis e de pintinhos. E sem ovo e sem pintinho, você não tem carne. Mas os números foram expressivos, Deus abençoe que a gente exporte até o final do ano 400 mil toneladas por mês”.

Para Emerson Godinho, gerente da Boehringer Ingelheim, empresa especializada em saúde animal, a avicultura passa por um momento contraditório. “Nunca a qualidade do frango produzido no Brasil foi tão boa, mas nunca fomos tão questionados sobre essa qualidade”, afirmou. Na avaliação dele, depois da operação Carne Fraca, “todo mundo começou a procurar pelo em ovo”. O fato de o Brasil exportar carne de frango para 200 países atesta, no entanto, que a cadeia produtiva tem sido aprovada por inúmeras auditorias, missões e inspeções, e que os obstáculos levantados têm, na maioria das vezes, uma motivação mercadológica. “Em termos de segurança de alimentos, o Brasil é o país que tem mais qualidade. A Operação Carne Fraca apontou para um desvio de caráter de algumas pessoas, e não para a fraqueza da carne que nós produzimos”, aponta Godinho.

Godinho e Martins participaram do encerramento da Expedição Avicultura 2018, levantamento técnico-jornalístico da Gazeta do Povo que nos últimos três meses percorreu 16 mil quilômetros em 42 cidades de sete estados referência na produção de aves do Brasil: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Pernambuco. Pela primeira vez, a expedição visitou o Nordeste. “Com o aumento do poder aquisitivo do brasileiro desde a última década, o consumo de carne aumentou, principalmente no Norte e Nordeste brasileiro. E por ter um valor menor no mercado, o frango consegue se inserir ainda mais na mesa dos brasileiros”, disse o gerente do Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo e coordenador do projeto, Giovani Ferreira.

México, um “novo” cliente

Durante três meses, a Expedição visitou 150 empreendimentos entre granjas, agroindústrias, cooperativas, produtores e corredores de exportação. “A nossa expectativa é que o setor consiga se aproximar dos números de 2017 nesse segundo semestre, conseguindo em 2019 voltar a ter crescimento de produção e receitas”, prevê Ferreira.

Ao analisar novas oportunidades, o México se mostra um parceiro comercial para essa demanda, tendo uma economia emergente e com crescimento de 32% em suas exportações no primeiro semestre de 2018 (68, 8 mil toneladas), em comparação com o mesmo período do ano anterior (47 mil toneladas), segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Atualmente o Estados Unidos é o principal exportador dessa proteína ao mercado mexicano, embarcando 637 mil toneladas ao país em 2017, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Godinho, da Boheringer, disse que é preciso que a avicultura nacional busque mercados com baixos índices de consumo per capita da carne de frango. “Países com economias crescentes e com populações com bilhões de habitantes, como a China e a Índia, se aumentarem um ou dois quilogramas por pessoa, já impactam positivamente em nossa produção”.

Os mecanismos para conseguir atender a essas demandas de produção também são fundamentais para o setor. O gerente executivo de cargas reefer da Brado, Carlos Pelc, destacou a importância da logística para o desenvolvimento da avicultura paranaense. “A avicultura representa 75% das movimentações do Terminal Intermodal da Brado em Cambé. É uma atividade sustentável que gera empregos e impulsiona a economia da região”.

Em pouco tempo, a indústria e os avicultores poderão utilizar sensores para controlar, à distância, itens como ganho de peso diário do frango, luminosidade, níveis de amônia e CO2 no aviário, temperatura e umidade do ar. Os testes estão acontecendo em granjas-modelo do Oeste paranaense. “A informação é o bem mais valioso dentro do agronegócio. Por isso é fundamental que o produtor esteja integrado com o que ocorre em sua propriedade, tendo dados em tempo real para suas tomadas de decisões”, disse Almir Meinerz, presidente da SPRO IT Solutions, que desenvolve a tecnologia integrada.

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