Problemas do dia a dia dos agricultores, como roubo de defensivos, maior controle de custos, previsão do clima no curtíssimo prazo e com alta precisão, ainda sem solução, podem vir a ser atendidos a partir do desenvolvimento da AgriHub.| Foto: José Medeiros / Case IH/José Medeiros / Case IH

Produtores rurais de Mato Grosso terão a partir desta safra acesso a uma rede de inovação em agricultura criada para conectar o setor produtivo a startups, mentores de novas tecnologias, empresas, pesquisadores e investidores em busca de soluções tecnológicas adaptadas às necessidades específicas do meio rural brasileiro.

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O AgriHub é uma ideia desenvolvida pela Federação de Agricultura de Mato Grosso (Famato), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). “Muitas das soluções ofertadas no Brasil hoje foram elaboradas para grandes empresários, que contam com uma grande estrutura, grande equipe para implementá-las; não foram pensadas para o médio produtor, nem para o pequeno, que não tem toda essa estrutura”, disse na terça-feira, 25, o presidente da Famato, Rui Prado, durante evento de lançamento em São Paulo.

Prado atribui a carência do mercado brasileiro em novas tecnologias ao fato de muitas soluções terem sido desenvolvidas fora do Brasil. “Por não terem sido elaboradas para o produtor brasileiro, muitas chegam para ele empacotadas, com características de outros mercados. Nós não aproveitamos toda a solução, mas pagamos por todo o processo de desenvolvimento”, acrescentou. A proposta, com a AgriHub, será oferecer também soluções com menor custo para os produtores brasileiros. À medida que o projeto for ganhando escala, o Senar terá o papel educativo e de treinamento de produtores e trabalhadores para a aplicação das novas soluções nas propriedades.

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O AgriHub trabalhará em três frentes: na formação de uma rede de produtores abertos a novidades, com apetite de risco, propensos a buscar soluções e dispostos a destinar alguns talhões da lavoura ou poucas máquinas para testar tecnologias de startups; uma segunda rede de estímulo ao desenvolvimento de soluções para o setor, que apoiará seus desenvolvedores a amadurecer a proposta de acordo com as necessidades de produtores; e uma terceira linha de atuação, focada em conectar startups mais maduras aos produtores abertos a soluções e a seus problemas, chamada de Conexão AgriHub. Conforme a Famato, os produtores dispostos a servir como plataforma de teste para as novas tecnologias não pagarão nada.

Antes do lançamento, representantes das entidades viajaram ao Vale do Silício, no Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, região conhecida por atrair empreendedores e desenvolvedores de startups das mais diversas áreas, assim como empresas com forte vocação tecnológica, como o Google. Também ouviram centenas de produtores e mais de 30 startups para avaliar o potencial do projeto e sua receptividade.

De partida, a rede realizará nesta quinta-feira, 27, o evento de lançamento para produtores rurais de Mato Grosso, investidores e empreendedores, no qual seis startups selecionadas e recomendadas por fundos e aceleradoras apresentarão suas soluções a um grupo de dez produtores com o perfil descrito e ouvirão deles suas necessidades e sugestões. As startups presentes serão a InCeres (que desenvolve softwares para agricultura de precisão), Agronow (oferece plataforma de mapeamento de culturas e previsão de produtividade da área delimitada), AgVali (sistema para aquisição de insumos diretamente da indústria e de distribuidores), Bart.Digital (sistema que agiliza a formalização de operações de crédito pelo celular), Promip (empresa que reúne produtos biológicos e serviços para programa de manejo integrado de pragas) e Agrosmart (software de monitoramento da lavoura e de recomendações ao produtor).

Um dos desafios da AgriHub, e mais especificamente da frente “Conexão AgriHub”, será encontrar soluções para problemas simples do cotidiano do produtor rural, ainda não oferecidas por grandes empresas e multinacionais atuantes no mercado nacional. O ponto de partida não serão as tecnologias já disponíveis, mas as “dores” do produtor rural brasileiro, acrescentou o superintendente do Imea, Daniel Latorraca. “As startups são grupos de pessoas montando negócios com base em problemas. Neste caso, elas se basearão em problemas da agropecuária”, disse.

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Problemas do dia a dia dos agricultores, como roubo de defensivos, maior controle de custos, previsão do clima no curtíssimo prazo e com alta precisão, ainda sem solução, podem vir a ser atendidos a partir do desenvolvimento da AgriHub, de acordo com as entidades. A falta de conectividade no interior do País e a necessidade de cobertura de internet para a utilização plena das tecnologias são problemas a serem enfrentados.

A partir do momento em que forem identificadas startups com soluções para problemas já existentes, a equipe da AgriHub promoverá um período de teste do produto ou serviço. Ao fim do processo, que deve demorar um ano-safra pelo menos e de diversos requisitos cumpridos, a empresa poderá rodar por Mato Grosso apresentando suas soluções com a finalidade de promover a solução e, aí sim, vender seu sistema.