Às voltas com um enorme esforço para recuperar a confiança dos países importadores e, com isso, evitar que as portas se fechem no mundo para as carnes brasileiras, o governo teme que possíveis desdobramentos da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, piorem ainda mais a situação. Dependendo do que a PF encontrar a mais no esquema de corrupção que liberava a venda de carnes vencidas ou com aditivos não permitidos pela legislação sanitária, os estragos à imagem do Brasil como fornecedor de proteína animal serão marcantes e duradouros. “É um buraco negro”, resumiu uma fonte do governo.
Os próximos passos da Polícia Federal preocupam o Ministério da Agricultura, que nesta quinta-feira (6) mantém contatos com a PF atrás de informações. O surgimento de notícias sobre a disposição de investigados em fazer delações premiadas é um dos fatores de tensão.
As consequências da Operação Carne Fraca também são sentidas no preço da soja, usada como ração para os animais. Segundo o vice-governador de Mato Grosso, Carlos Fávaro, o valor do produto teve uma queda de 10% por causa da crise. “A situação é muito grave e atinge outros produtos também”, afirmou.
Em um churrasco promovido na noite de quarta-feira (5) por governo e pecuaristas de Mato Grosso, que teve entre os convidados o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o presidente do Senado, Eunício Oliveira, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novack, destacou que o Brasil exporta carnes para mais de 150 países e que a resposta aos efeitos da Operação Carne Fraca foram rápidas. “Mostramos, de forma rápida e célere, que o Brasil é célere”, disse Novack.
Também na quarta-feira, em um evento em Buenos Aires, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que o Brasil conseguiu reabrir a maioria dos mercados que havia imposto restrições às carnes brasileiras. Maggi se reuniu com ministros da Agricultura da Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai. “Ainda há alguns mercados fechados no Caribe, a Jamaica também reabriu e, em seguida, Barbados fez o mesmo. Assim, sucessivamente, vão sendo retiradas as últimas restrições”, acrescentou, ressaltando que a investigação é sobre condutas de pessoas e não sobre a qualidade das carnes brasileiras.
O ministro reafirmou que houve equívoco na forma de divulgação da operação e lembrou que o Ministério da Agricultura enviou aos mercados todos os esclarecimentos solicitados, sempre com muita transparência. “Todos os países importadores têm o direito de ser mais seletivos e investigativos, para ter mais certeza sobre o que estão recebendo. Não reclamamos disso, porque cada país deve manter a sua legislação e a sua segurança.”
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