O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o Usda, surpreendeu o mercado ao divulgar, neta sexta-feira (31), a atualização dos números de plantio para a safra norte-americana 2017/18. Seguindo a tendência apontada durante o Agricultural Outlook Forum, realizado em fevereiro, o órgão aponta que os EUA devem priorizar a soja nesta temporada em relação ao milho. No entanto, o “nível de prioridade” será ainda maior do que o previsto.
A estimativa é de que a área destinada à oleaginosa fique 7% acima do que foi cultivado no último ciclo, totalizando 36,2 milhões de hectares. Em fevereiro, o Usda falava numa elevação na casa de 5,5%. “Esse número surpreendeu porque ficou acima de uma expectativa bastante otimista do mercado, que era de 35,7 milhões”, avalia o analista da Granoeste, Camilo Motter.
E se, até o momento, muitos produtores daqui vinham segurando mercadoria, na esperança de que os preços fossem melhorar, o anúncio do Usda caiu como um “balde de água fria” sobre os silos brasileiros. “Se você colocar esse dado e somar com todos os outros fatores, como a colheita recorde brasileira e a safra argentina que vai muito bem, é justificável essa queda em Chicago de aproximadamente 13% desde o dia 18 de janeiro e hoje está abaixo de US$10/bushel”, afirma o analista da Granopar, Aldo Lobo. “A esperança agora é o dólar, porque, a não ser que dê um problema muito sério nos EUA, vai ser difícil Chicago subir.”
No relatório desta sexta-feira, o departamento não atualizou a estimativa da produção norte-americana, que, no caso da soja, era de 113,5 milhões de toneladas, ou seja, quase 4 milhões de toneladas a menos em relação ao ciclo anterior, quando o país colheu um recorde de 117,2 milhões de toneladas. Apesar disso, salienta Lobo, “tudo leva a crer que a safra vai ser definida com clima neutro, como no ano passado. É grande a possibilidade da safra ser até maior”.
Camilo Motter ressalta que, além da produção futuro, os estoques, de acordo com o Usda, também estão mais altos do que previa o mercado. “Os estoques também surpreenderam de forma negativa”, diz. “O mercado esperava algo em torno de 45,7 milhões de toneladas, mas veio o número de 47,21 milhões. Para se ter ideia, no ano passado, nesta mesma época, o volume estocado era de 41,7 milhões de toneladas. A demanda cresce num ritmo menor que a oferta, isto é, os preços vão ficar pressionados”, acrescenta.
Milho
Se no caso da soja, a surpresa foi negativa, o mesmo não se pode dizer do milho, que teve redução de área estimada em 4%, ficando em 36,4 milhões de hectares. Mesmo com estoques de 218,9 milhões de toneladas – 1,7 milhão a mais do que o esperado e 20,2 milhões de toneladas acima do volume armazenado em 2016 -, existe terreno para que os preços se tornem mais competitivos. “A soja roubou espaço de trigo e principalmente milho. A área era esperada em 36,8 milhões de hectares e veio com 36,4 milhões de hectares. Há redução e, portanto, a expectativa geral é que a produção caia. Um pouquinho de clima adverso e isso o preço estará sensível”, opina o analista da Granoeste.
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Parlamento da Coreia do Sul tem tumulto após votação contra lei marcial decretada pelo presidente
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
Deixe sua opinião