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Um aplicativo que evita que o descarte de milhares de litros de leite e diminui o uso de antibióticos em vacas foi o vencedor do Ideas for Milk, concurso nacional promovido pela Embrapa para estimular o surgimento de tecnologias digitais na pecuária leiteira.

O kit tecnológico desenvolvido pela startup OnFarm, de Pirassununga (SP), identifica pela cor as principais bactérias causadoras da mastite – inflamação das glândulas mamárias - na própria fazenda, com diagnóstico em 24 horas. A detecção precoce da doença permite um melhor manejo do rebanho e controle da infecção, dispensando, muitas vezes, o uso de antibióticos.

“Além de reduzir a resistência bacteriana causada pelo uso indiscriminado de antibióticos, a solução possibilita melhores estratégias de controle da mastite subclínica, como segregação, interrupção da lactação e orientação de descarte do leite. Isso significa um alimento mais seguro”, diz Cristian Martins, diretor de operações da OnFarm. Cristian explica que cada bactéria cresce de uma cor na placa do minilaboratório da fazenda. “Assim conseguimos identificar as principais espécies e fazer um tratamento mais racional, conforme o protocolo para aquela bactéria. Só se usa o antibiótico nos casos de maior necessidade - o que provoca o descarte de 5 a 7 dias do leite produzido - e com tratamento direcionado”.

Nos cálculos da startup, cada caso de mastite clínica que deixa de usar antibiótico representa uma economia de R$ 400 para o pecuarista. A assinatura do serviço começa com um plano de R$ 390 por mês. Três fazendas leiteiras no Paraná - em Castro, Carambeí e Cascavel - já estão entre os clientes da empresa. “Para cada real investido, o retorno é de sete reais, em média”, assegura Martins.

A mastite é um problema grave na pecuária de leite. A incidência mensal média da fase crítica da doença é de 10% das vacas do rebanho. Deste índice, de 30% a 50% das vacas necessitam de tratamento com antibióticos. O kit desenvolvido pela OnFarm é composto por material de consumo para a realização do teste de mastite, uma cabine de trabalho portátil (minilaboratório) e um aplicativo que faz a gestão do controle da mastite.

Crescimento acelerado

Como é comum entre as startups, a OnFarm é uma empresa jovem. Foi fundada há três meses em Uberlândia, durante o Interleite Brasil (congresso que discute os problemas da cadeia produtiva do leite). Em apenas dois meses a startup colocou mais de 30 unidades em operação, permitindo o monitoramento de 12 mil vacas. “Cerca de dois mil casos de mastite clinica foram avaliados. Desses, 540 casos que recebiam antibiótico no procedimento convencional puderam ficar sem tratamento, o que resultou no aproveitamento de 47 mil litros de leite e na economia de mil bisnagas de antibióticos”, diz Cristian Martins, que é zootecnista, e tem como sócios dois veterinários e um engenheiro agrônomo.

A OnFarm foi uma das 70 iniciativas que participaram do Desafio de Startups, evento que faz parte do Ideas for Milk, encerrado na última sexta-feira, no Cubo Itaú, em São Paulo. Participaram da finalíssima sete startups.

A segunda colocada no concurso foi a CowMed. Trata-se de uma coleira capaz de mensurar os principais parâmetros comportamentais das vacas, como tempo de ruminação, atividade e ócio. Os dados são coletados por antenas e enviados para a “nuvem”, onde uma ferramenta de inteligência artificial analisa os animais e alerta os produtores sobre eventos de cio, melhor momento para inseminar, doenças em estágios inicial e alterações nos lotes de vacas.

Em terceiro lugar ficou a solução Z2S. Esse conjunto automático faz a limpeza de ordenhadeiras canalizadas. O processo de limpeza automático inclui o controle de temperatura do leite, dosagem precisa de produtos químicos e acionamento dos motores do equipamento. Segundo os idealizadores da solução, os sistemas proporcionam a melhoria da qualidade do leite, com redução de 87% da Contagem Bacteriana Total (CBT).

O Brasil tem mais de 1 milhão de propriedades leiteiras e milhares de empresas de insumos, equipamentos, processamento, industrialização e distribuição dos produtos lácteos. O setor movimenta cerca de R$ 70 bilhões por ano.

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