Verdadeira vaca ‘chéri’ (querida) na França, país de origem, a raça de gado leiteiro Normando também já foi famosa no Brasil. No início do século passado, ela foi introduzida por imigrantes no Rio Grande do Sul, além de Argentina, Uruguai e Colômbia. Com um alto teor proteico, o leite extraído deste animal é usado na confecção de queijos, o mais famoso deles é o Camembert.
Mas diferente dos países vizinhos, com o passar dos anos, no Brasil, raças como Jersey e Holandesa ganharam mais espaço por produzirem mais leite e se adaptarem melhor em diferentes climas e regiões. E a Normando ficou limitada a poucos produtores da região Sul. Uma entidade quer mudar isso.
A Associação de Criadores do Normando do Brasil (ACNB) usou WhatsApp e Facebook para realizar um leilão de sêmen na 41ª edição da Expointer, maior feira agropecuária da América Latina, realizada na região metropolitana da Porto Alegre. Ao todo, foram vendidos 15 lotes de genética da raça. E os lances puderam ser feitos através dos dois aplicativos. O remate, inclusive, foi transmito ao vivo por uma das plataformas.
Vice-presidente da ACNB, Thais Pires Lopa conta que o leilão foi positivo. “Ele serviu até para identificar criadores de outras regiões do país. Teve um lote que foi arrematado por um produtor de Brasília. No Facebook, os lances eram feitos nos comentários. No WhatsApp nós criamos um grupo com diferentes produtores”, conta. Ao todo, foram arrecadados R$ 7,7 mil. O lote mais caro foi vendido por R$ 160.
Além de produzir Normando, a família de Lopa produz diferentes tipos de queijo na região de Alegrete, no Sudoeste do Rio Grande do Sul. “Minha mãe produz mais de 15 tipos de leite, do parmesão ao cheddar. Em todos, o leite é do Normando”, revela.
Na Expointer, feira que reúne 4,2 mil animais de 70 diferentes raças, tem 22 exemplares de Normando expostas. “Na feira passada, foram apenas 15. Está aumentando o interesse, principalmente para produção de queijo”, explica Thais Lopa. A esperança, conta a vice-presidente, é que a indústria passe a comprar o leite in natura. “É uma proteína com alto valor agregado. A produção aumentaria bastante”, diz.
No Brasil, produção se concentra na região Sul; pelo mundo, a Europa é grande criadora e na América Latina, a Colômbia é quem tem maior expressão com um rebanho de 400 mil. “A produção só não se expandiu no Brasil porque a indústria sempre se preocupou mais com quantidade do que com qualidade. E neste quesito, as raças holandesas são imbatíveis. Em outros países, como a França e o Uruguai, a produção de leite de Normando tem um alto valor agregado, o produtor é remunerado de acordo com a qualidade”, diz o presidente da ACNB, Jacques Schinemann.
Schinemann, que é produtor em Guarapuava, no Paraná, diz que um dos objetivos da entidade no momento é atrair novos produtores e divulgar a raça. “O leite tem uma qualidade e um sabor indiscutível. O animal também tem muita qualidade. É uma raça que merece destaque”, concluí.