| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, disse que a Rússia foi a “nação amiga que deu a primeira palavra de confiança ao Brasil” após a deflagração da Operação Carne Fraca, em 17 de março. O comentário de Turra ocorreu durante reunião realizada na tarde desta segunda-feira (17) na sede da ABPA em São Paulo, com o embaixador russo Sergey Akopov, representantes da Câmara de Comércio Brasil-Rússia, do Itamaraty e do setor agropecuário do Brasil.

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Segundo o executivo, o embaixador se reuniu com o presidente da República, Michel Temer, no mesmo dia em que a investigação da Polícia Federal foi divulgada e “naquela mesma noite passou a mensagem para o governo russo”.

Em resposta, Akopov disse que a Rússia não poderia ter tido outra postura em relação ao que ele chamou de “incidente” com a carne brasileira. “Hoje em dia conhecemos muito bem a qualidade da carne brasileira, por isso a posição da Rússia foi muito calma e tranquila. Um incidente como esse não pode abalar todos os anos dessa operação tão estratégica”, afirmou.

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A Rússia compra do Brasil carne bovina, de frango e suína - o país é principal destino de suínos do Brasil, e o 12º comprador de frango. “Sempre lembramos que o Brasil ajudou e apoiou a Rússia quando não aderiu às sanções econômicas aplicadas ao país. Essa posição é altamente apreciada e corresponde com as nossas relações de parceria estratégica”, afirmou citando as sanções iniciadas pelos Estados Unidos em 2014, devido à anexação da Crimeia.

A reunião desta segunda-feira tinha como objetivo debater o relacionamento bilateral do setor agropecuário, incluindo projetos de investimentos, cooperação no setor alfandegário e fitossanitário, logística de escoamento, além de discutir a 10º Comissão Intergovernamental de Cooperação (CIC) Brasil-Rússia, que será realizada entre os dias 22 e 23 de maio.

O presidente Michel Temer deve visitar a Rússia em junho. “Tudo está encaminhado para que esta visita seja um sucesso. Estamos passando por um momento muito bom desta relação bilateral e precisamos aproveitar estes bons ventos”, disse Gilberto Ramos, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia.

Atualmente, a corrente comercial entre os países é de US$ 4,3 bilhões e a meta da câmara é de que chegue a US$ 10 bilhões. O chefe do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Orlando Ribeiro, também presente à reunião, disse que é possível crescer nesta relação.

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Para Akopov, os países precisam avançar na cooperação, principalmente em tecnologia. “Isso daria mais possibilidade de abertura de mercados e novos projetos na área de agricultura”, afirmou.