Como possível estratégia para impedir novos embargos à carne brasileira e amenizar críticas, o Governo ofereceu aos países da União Europeia uma maior abertura do mercado agrícola.
Há dez anos, os europeus vêm insistindo para que o Brasil aceite a importação de determinados produtos agrícolas. Uma lista preliminar apontava para o interesse em expandir bens como frutas, alguns cortes de carnes e, principalmente, produtos do setor lácteo.
Num primeiro gesto, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, enviou uma carta ao comissário de Saúde da União Europeia, Vytenis Andriukatis, informando a decisão do Brasil de atualizar a lista de produtos de origem animal que o governo autorizaria a importação da Europa.
O governo também facilitou as exigências sanitárias aos bens exportados pelos europeus ao Brasil. Até agora, para cada planta que quisesse vender ao mercado brasileiro, uma missão de fiscais tinha de ser enviada para a Europa para examinar as condições de produção e certificar a venda.
Pela nova proposta, essa exigência será flexibilizada. Se uma das plantas daquele país já estiver habilitada, as demais indústrias do mesmo setor interessadas em vender ganhariam automaticamente o direito de entrar no mercado brasileiro, sem o envio de uma nova missão de fiscais brasileiros para a Europa. O novo exportador vai precisar apenas solicitar às autoridades europeias que o adicionem à listagem geral.
Mercado
No ano passado, a Europa vendeu para o mercado brasileiro US$ 1,7 bilhão em produtos agrícolas e alimentos. Mas Bruxelas quer expandir esse mercado. Ao fim de 2016, o Brasil tinha exportado cerca de US$ 14 bilhões em produtos agrícolas para a Europa. Neste ano, até junho, o Ministério da Agricultura informou que os europeus exportaram para o mercado brasileiro US$ 1,1 bilhão em alimentos.
O diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Pedro Miguel da Costa e Silva, confirmou a iniciativa. “Enviamos na semana passada uma série de autorizações para facilitar a entrada de produtos agrícolas ao Brasil”, afirmou. “Isso tem um valor econômico impotante e atendemos a pedidos dos europeus justamente na área sanitária”, explicou. Costa e Silva, porém, garante que a autorização não tem relação direta com a crise da carne. “São coisas diferentes”, garantiu.
À reportagem, a Comissão Europeia confirmou que recebeu a carta e que, neste momento, avalia seu conteúdo. Mas fontes em Bruxelas confirmaram que a iniciativa foi recebida de forma positiva e interpretada como um sinal de que o Brasil quer reciprocidade no mercado de carnes, hoje sob tensão depois da Operação Carne Fraca.
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