Uma das maiores companhias suinocultoras da China, a Da Bai Nong, anunciou que vai sacrificar quase 20 mil animais de uma vez só, o que está sendo considerado o maior abate único de suínos em meio ao atual surto de febre suína africana.A informação foi divulgada na terça-feira (16) pelo portal norte-americano Agricensus.
Os animais serão sacrificados em uma fazenda na província de Liaoning como medida de precaução para barrar o avanço da doença na cidade de Jingzhou, após a confirmação na segunda-feira de que um pequeno número de suínos contraiu a doença.
O surto da doença na China, por outro lado, reforça as esperanças dos produtores brasileiros de suínos de conquistar mercados na Ásia. Com o fechamento do mercado russo para a carne brasileira e o receito de que a febre suína africana avance para os países no entorno da China e até para a Europa, o Brasil se torna um fornecedor em potencial. Além de serem os maiores produtores de carne suína do mundo, os chineses são também os maiores consumidores.
Na avaliação de Brett Stuart, sócio-diretor da consultoria Global AgriTrends, Brasil, Canadá e Chile devem se beneficiar do aquecimento da demanda, caso a febre suína provoque perdas mais expressivas na China. Segundo ele, o Brasil especialmente já tem uma produção organizada para a exportação e seus embarques para a China, até julho deste ano, mais do que triplicaram. “Brasil e China têm se aproximado bastante no comércio de carnes”, constata Stuart.
De acordo com o diretor de Agropecuária da Seara, José Antônio Ribas, as exportações para os países asiáticos já são uma realidade para as empresas brasileiras e a expectativa é aumentar a participação da nossa carne nesse novo mercado. “Nosso produto não tem doenças e isso deve trazer oportunidades para o país. Mas temos que blindar os nossos sistemas de produção para que a doença não entre. Para isso, precisamos de ações de governo, pois tem risco em aeroportos, portos e outras estruturas”, diz.
Além da China, a empresa aposta em mercados emergentes como a Coreia do Sul e o Japão. Por enquanto, os carregamentos para esses países são pequenos, mas a expectativa é desenvolver os negócios em 2019.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a projeção de aumento para as importações de carne suína pela China é de 8% neste ano, para 1,75 milhão de toneladas. A agência estima também que no próximo ano esse volume seja ainda maior.
A perspectiva pode fornecer suporte para os preços globais, que estão pressionados devido ao recuo na demanda chinesa. Mas, segundo o USDA, apesar do incremento, as importações chinesas tendem a permanecer abaixo dos níveis de 2016, em meio à expansão do setor chinês de carne suína.
Mudança
No caso do surto de peste suína africana na China, os comerciantes e farelo de soja daquele país acreditam que o sacrifício em massa dos animais na Da Bai Nong vai representar uma mudança significativa no sentido de evitar que a febre se espalhe. Até então, a doença só era controlada em pequenas propriedades. “Isso é mais sério do que pensamos, porque achávamos que as grandes companhias teriam melhor controle sobre a doença”, disse um comerciante de farelo de soja que pediu para não ser identificado.
Apesar de ser inofensiva aos seres humanos, a febre suína africana é mortal em uma taxa de quase 100% dos casos. O atual surto, que começou em Agosto, está sendo acompanhado com temor por todo o setor do agronegócio mundial.
Na última sexta-feira, de acordo com o Agricensus, a província de Tianjin, que fica próxima a Beijing, se tornou a nona província a reportar o surto da doença. E na segunda, a cidade de Panjing se tornou o 32ª município a sacrificar suínos por causa da febre.
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