Montar uma coleção de carros antigos é uma paixão que não acontece do dia para noite. A procura pelo modelo ideal e em perfeito estado de conservação é longa, requer muito investimento de tempo e, é claro, de dinheiro.
Com o curitibano Reinaldo Rodrigues Neto, 63 anos, foi quase isso. O aporte financeiro não fugiu à regra, o cuidado na busca também não, mas o tempo que levou para adquirir, um a um, os sete exemplares da Volkswagen é que impressiona: apenas 3 anos!
O profissional da construção civil começou a construir seu acervo da marca alemã em 2013, graças ao incentivo do filho Eduardo José Rodrigues, 39 anos, um entusiasta de modelos do passado. Foi ele quem convenceu o pai a comprar a Variant I 1973 e iniciar a coleção.
Depois dela vieram, pela ordem, o Passat LS 1978 , a Variant II 1980, a Brasília LS 1979, o Fusca ‘Zé do Caixão’ 1969, o Fusca 1500 1973 e, por fim, a Variant I 1973 , ‘irmã gêmea’ do modelo que abriu o acervo, inclusive na pintura amarela.
“A minha ideia na época era ter, no máximo, dois carros da Volks entre os modelos que num momento da vida eu já tive na garagem”, diz Neto, que era fiel à marca alemã, “pela durabilidade e valentia dos carros”, justifica ele.
Mas, a cada unidade adquirida, filho e pai reiniciavam uma nova garimpagem pela internet e conversas com amigos para ampliar a frota.
O construtor não poupou horas na estrada. Rodou o Norte do Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande Sul. “Na maioria das vezes, os veículos não estavam ao meu gosto, com a qualidade e a originalidade desejada. Voltava para casa sem fechar negócio”, conta.
FOTOS: Todas as imagens da coleção
Um dos modelos exigiu não só paciência e dinheiro de Reinaldo, mas também muita negociação. Ele foi a Ponta Grossa olhar uma Variant II e acabou encontrando um Passat LS todo original, herdado por uma senhora do marido falecido.
Ela não quis abrir mão do veículo na hora. De volta a Curitiba, o construtor não conseguiu tirar o Passat da cabeça. Após várias conversas, a viúva enfim aceitou vender o veículo, mas com uma condição: o pagamento não poderia ser por transferência bancária. “A vendedora tinha receio de levar um calote”, recorda o colecionador.
Ele teve, então, de colocar o dinheiro num pacote e seguir retornar aos Campos Gerais. Chegando em Ponta Gross, a senhora ainda o levou até o banco para certificar que as cédulas eram verdadeiras. Só então Reinaldo fez o depósito e conquistou o desejado carro.
Placa preta
Os gastos para deixar as aquisições novinhas não pesaram tanto no bolso. Reinaldo fazia questão de escolher as que estavam bem originais e com pouco para arrumar. Uns ajustes mecânicos aqui, uma troca de pneus ali, retoque na pintura e mais nada. “Todos são placas pretas (com pelo menos 80% de originalidades nas peças)”, diz o orgulhoso proprietário.
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A coleção não deve parar por aí. O entusiasta já está vendo até uma nova casa, mais ampla, para acolher futuros integrantes da família. E é provável que um deles seja um Karmann Ghia, atendendo a um pedido do neto Bernardo Rodrigues, 10 anos. “O problema é que um carro difícil de achar e caro também.”
Outra vonatde seria uma Kombi ‘seis portas’, também não tão simples de encontrar com preço acessível. “Vi uma num encontro em São Bento do Sul (SC), porém o dono pediu R$ 120 mil. ”
Do Largo da Ordem a Praça da Espanha
Quem quiser conhecer a frota do curitibano é só comparecer nos tradicionais encontros de carros antigos que ocorre nos fins de semana na Praça da Espanha, do Atlético ou no Largo da Ordem. Ele participa com frequência, sempre na companhia do filho e no neto, além do amigo Larson Orlando, ex-proprietário da sua última aquisição, a Variant II amarela 1980, e mais um incentivador na montagem da frota Volkswagen. “Faço rodízio com os carros em cada evento. O meu filho leva um e eu levo outro”, finaliza.
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