O oxigênio entra pelas enormes entradas de ar do Mirai para, em seguida, reagir com o hidrogênio e gerar energia que alimentará as baterias.| Foto: Fotos: Renyere Trovão/ Gazeta do Povo

O Salão de Tóquio, que encerra neste domingo (8), ficará marcado como o ponto de partida da corrida entre os carros a hidrogênio. Honda e Toyota saem na frente nesta briga. A primeira faz a estreia do Clarity Fuel Cell, que começa a equipar a frota de empresas japonesas e também do governo local a partir de março de 2016. Já a concorrente exibe o Mirai, primeiro modelo a hidrogênio a chegar ao mercado. Ele já está nas lojas e em breve deve desbravar outros mercados mundiais, como Europa e Estados Unidos.

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Na feira nipônica, o Mirai atrai os olhares pela visual nada convencional. Ele tem o espaço de um Camry, com 2,78 m de distância entre-eixos . O motor elétrico gera potência equivalente a 155 cv, semelhante a do Corolla 2.0. Porém, o elétrico gera mais força. São 34,1 kgfm contra 20,7 kgfm do sedã comum, além da força ser liberada por inteira assim que o acelerador é pressionado. O preço do Mirai no mercado japonês gira em torno de R$ 180 mil.

A autonomia do veículo ultrapassa os 500 km, que necessita de 3 minutos para recarregar. 
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Os comandos no Mirai são todos digitais. 
Os tanques com hidrogênio ficam debaixo do banco traseiro e no fundo do porta-malas. 

Já o Clarity tem o tamanho do Accord e rende 177 cv. O sedã possui ainda um dispositivo de alimentação de energia externa que permite usá-lo como gerador, fornecendo energia elétrica a residências durante cerca de sete dias, numa eventual emergência.

Ambos levam de carona tanques (similares aos de GNV) que armazenam gás hidrogênio comprimido. Ao entrar em contato com o oxigênio, recolhido pelas generosas entradas de ar, produz uma corrente que coloca o motor elétrico em operação, que, por sua vez, movimenta o veículo.

Ou seja, a energia elétrica continua a ser a força geradora de tração nos carros. Ao hidrogênio cabe a responsabilidade de ‘alimentar’ as baterias, eliminando assim a necessidade de carregar o automóvel na tomada por longas horas. Em três minutos de recarga, tanto o Mirai quanto o Clarity já podem ganhar as ruas e estradas novamente. Além disso, as únicas emissões derivadas desta reação são calor e água - esta eliminada via escapamento, diferentemente dos motores a combustão que jogam gases nocivos ao meio ambiente.

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O Clarity Fuel Cell pode rodar 700 quilômetros com uma carga. 
 
O sedã possui ainda um dispositivo de alimentação de energia externa que permite usá-lo como gerador, fornecendo energia elétrica a residências durante cerca de sete dias. 
O Clarity usa dois tanques de hidrogênio, uma maior no porta-malas e outro menor sob o assoalho. 

Bateria longa

Outra vantagem em relação aos modelos plug-ins é a maior retenção de carga nas baterias, uma vez que a capacidade de compressão do hidrogênio nos tanques é grande, segundo informam as montadoras. O Clarity Fuel Cell pode rodar 700 quilômetros com uma carga, enquanto o Mirai alcança quase 500 km. Vantagem não disponível atualmente nos veículos elétricos vendidos em série, que descarregam rapidamente e aguentam em média 250 km sem precisar ‘reabastecer’.

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Contudo, tanta facilidade frente aos elétricos tem o seu preço. Trata-se de uma tecnologia mais cara, que acaba repassada ao custo do veículo, sem contar a estrutura atual quase zero para recarregar os tanques com hidrogênio.

Convívio alternativo

Yoshikazu Tanaka, engenheiro-chefe do Mirai, prevê um futuro com os diferentes combustíveis alternativos convivendo simultaneamente, cada qual atendendo a uma finalidade. Os elétricos, por exemplo, serão úteis para pequenos deslocamentos. Já os a hidrogênio são extremamente versáteis, oferecendo um tempo de cruzeiro longo e um curto tempo de abastecimento. Até os motores a combustão não serão aposentados tão cedo.

“É possível que lá na frente os veículos movidos a células de combustível tenham o potencial para se tornar o último veículo ecológico do futuro, com enorme capacidade para atingir a mobilidade sustentável. O fato de o hidrogênio ser fabricado pela energia solar, do vento e de outras fontes naturais, facilita a sua utilização em larga escala”, destacou Tanaka, que projeta a popularização da tecnologia até 2025.