Sandero RS é mais que um motor do Duster

Quem vê um Sandero pela rua dificilmente irá associá-lo a um carro com desempenho de tirar o fôlego. A leitura remeterá apenas ao bom espaço interno e do porta-malas e a necessária mudança visual na segunda geração. Mas, a partir de agora essa visão começará a mudar.

A Renault enfim lança a versão apimentada do hatch, com o sobrenome RS. A sigla identifica a divisão Renault Sport, responsável por introduzir a marca francesa ao mundo das competições, como Fórmula 1 e rali, e produzir modelos cuja adrenalina é o principal combustível, como o Megane RS e Clio RS.

O Sandero passou por uma mudança radical para ostentar as duas consoantes. Motor, câmbio, suspensão e freios foram retrabalhados e a aparência ganhou apliques condizentes com a proposta do veículo. Por R$ 58.880 (tabela em fevereiro de 2016 já está em R$ 59.280 ), o cliente levará para casa o primeiro modelo com a assinatura RS montado fora da Europa. Ele sai da fábrica de São José dos Pinhais.

Para vender inicialmente de 150 a 200 unidades por mês (segundo previsão da montadora), a Renault não recorreu à tendência do motor downsizing, muito menos turbinou ou adicionou injeção direta de combustível. Fez uso de uma velha fórmula para vitaminar carros ‘derivados’ de modelos comuns. Pegou um bloco mais potente, no caso o 2.0 do Duster, recalibrado para render 150 cv e 20,9 kgfm; aplicou um câmbio manual de seis velocidades, com relações curtas que favorecem a tocada esportiva; remapeou a injeção eletrônica; e tornou dupla a saída do escapamento, que ganhou um diâmetro maior para extrair mais força, além de redimensionar em 20% o sistema de admissão.

Essas mudanças são capazes de levá-lo da inércia aos 100 km/h em 8 segundos e alcançar 202 km/h. O RS pesa 1.161 kg, o que dá uma relação peso/potência de 7,74 kg/cv, traduzindo em uma sensação de dirigir bem mais instigante. Para se ter uma ideia, a relação do BMW 320i é de 8,1 kg/cv. “Na Europa, classificamos os carros como esportivos quando essa relação fica abaixo do 8 kg/cv”, diz Charles Courtouis, gerente de produto da Renault.

O trabalho feito pela divisão esportiva da montadora impressiona. Guiamos o modelo numa pista de corrida e constatamos o equilíbrio oferecido. A suspensão foi recalibrada, ficando mais rígida e baixa, o que ajuda a manter o hatch grudado ao chão. Não há deslizes de traseira ou saídas da dianteira nas curvas.

O controle de estabilidade de série é preciso e só entra em cena apenas quando necessário, o que deixa a condução mais divertida. Nas retas, há fôlego suficiente para arrancar um sorriso do rosto. A fabricante não divulgou a média de consumo, justificando que o modelo ainda não passou pelo crivo do programa de eficiência energética do Inmetro. Porém, o computador de bordo registrou 9 km/l na estrada com etanol, considerando o regime de acelerações e retomadas sempre elevado.

O esportivo também conta com três modos de condução, sendo que em um deles é possível desligar todos os controles (estabilidade e tração). A direção também é mais direta em relação ao Sandero normal e agora é eletrohidráulica. O modelo traz freios a disco nas quatro rodas, barra estabilizadora e eixo traseiro mais rígido.

Por dentro, destaque para o volante em couro emprestado do Clio RS europeu, saídas de ar em vermelho, pedaleiras em alumínio e costura vermelha no volante e na manopla de câmbio. De resto, o mesmo acabamento em plástico rígido e ausência de revestimento nas portas do irmão ‘calminho’.