Com a criação de cinco unidades de conservação ambiental, anunciadas nesta segunda-feira, o estado do Amazonas passa a ter 50% do seu território protegido legalmente contra a devastação. As novas unidades tem proporções monumentais: são 2,5 milhões de hectares pequenos pontos no mapa do estado, mas tão significativos que equivalem a 12% do território paranaense e são 14 vezes maiores que o Parque Nacional de Iguaçu. Assim, o Brasil chega a 55 milhões de hectares de áreas sob a jurisdição dos governos estaduais.
O vice-presidente de Ciência da Conservation International no Brasil, José Maria Silva, aposta que o Brasil irá bater o recorde de biodiverdidade por quilômetro quadrado nas novas áreas que estão sendo criadas. "Esses locais nunca foram visitados por pesquisadores e as primeiras expedições já foram suficientes para identificar novas espécies", conta. No estado, que tem um em cada três hectares da Amazônia, o número de áreas preservadas sobe 150% em três anos.
Na tentativa de criar unidades de conservação, o Amazonas não esbarra em um problema típico do Paraná: a necessidade de desapropriar terras. A imensa maioria das áreas é pública. Já as distâncias que precisam ser percorridas para uma simples avaliação da área são enormes, consumindo boa parte dos recursos. O processo de criação e implantação efetiva das unidades deve consumir R$ 15 milhões. Mais de R$ 10 milhões foram doados ou intermediados de fontes internacionais pela Conservation International.
Para a organização não-governamental Greenpeace, o desafio agora é manter o que está protegido. O coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, reconhece que a criação das unidades é um grande passo, mas considera muito pouco. "Tem que criar todas as unidades possíveis, mas só isso não assegura que a floresta será preservada", salienta. Ele reforça que em unidades já criadas e que não passam de canetadas no papel, o desmatamento na área é menor, mas ainda acontece. E lembra que essas medidas estão sendo tomadas em ano eleitoral.
O secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Virgílio Viana, explica que três aspectos são priorizados na escolha das unidades a serem implantadas: biodiversidade, impacto social e zonas de ameaça. Por exemplo, o Sul do Amazonas justamente onde estão as novas unidades é formado por áreas mais suscetíveis à ação de grileiros e madeireiros. Ele admite que é preciso avançar e não deixar o processo apenas no papel, mas argumenta que as medidas que estão sendo tomadas são efetivas, tanto que menos de 2% do território amazonense já teria sido devastado.
Além disso, com crescimento econômico maior que a China e cinco vezes maior que o registrado pelo Brasil no ano passado, o estado estaria comprovando que é viável aliar desenvolvimento e preservação ambiental. O Amazonas tem hoje uma Zona Franca Verde, num paralelo com o modelo comercial, que visa provar que dá dinheiro manter a floresta em pé. A pesca manejada do pirarucu, que já é comercializado por uma grande rede de supermercados, e a extração regrada de produtos florestais são exemplos que apontam um novo caminho.
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