Arte local festeja os 150 anos de “Alice”

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Quem chega ao prédio do Sesc da Esquina em Curitiba, naturalmente, talvez por hábito ou preguiça, se dirige rapidamente ao elevador do térreo. A partir desta segunda-feira (3), um grande desenho de uma chave preta e amarela pode funcionar como uma espécie de seta para levar os visitantes a subirem as escadas, e conferirem, nos quatro andares, a mostra “Alice – Criando Seu Mundo”. As obras são da ilustradora Etti Pellizzari e do artista urbano Olho Wodzynski.

O projeto do Sesc, planejado desde o ano passado, celebra os 150 anos de “Alice no País das Maravilhas”. O clássico de Lewis Carroll, que conta a história de uma menina que cai na toca de um coelho e é levada a um universo fantástico, perpassa gerações.

Confira algumas imagens da mostra

A lógica absurda da narrativa já serviu de inspiração para várias áreas da arte – o cineasta Tim Burton, por exemplo, fez em 2010 uma adaptação cinematográfica em 3D. O grande número de referências alusivas a Alice foi o principal desafio para Wodzynski. Depois de coletar esse material, ele realizou intervenções em stencil nas paredes do espaço, ao longo de quatro sábados.

“É um tema difícil, muita coisa já foi feita sobre a Alice. Por isso, tentamos desconstruir. Busquei os desenhos das primeiras edições do livro [do inglês John Tenniel] e acrescentei novos elementos”, explica. Foi o primeiro trabalho do artista baseado inteiramente em um livro.

Etti, que já havia trabalhado em conjunto com artistas urbanos na revitalização de portas da Rua São Francisco, também procurou outra estética para a personagem. “A minha Alice tem cabelo curto azul e pele escura. Também busquei usar bastante texturas em giz pastel em cima da tinta, com detalhes que vão aparecendo enquanto a pessoa se aproxima da parede”, diz.

Wodzynski considera que o estilo mais “gestual” do trabalho de Etti e o traço “duro e lógico” do grafite se complementam na mostra. “Nós recombinamos as linguagens, e levamos em consideração as escadas e o número de pessoas que circulam, apesar de, teoricamente, não ser um trabalho de grafite”, frisa.

Educação

Toda a concepção de “Alice – Criando Seu Mundo” foi formatada para se desdobrar em mediações (que vão acontecer todas as terças-feiras para grupos de dez pessoas, sob agendamento), e outras atividades. O objetivo principal, segundo a técnica em Cultura e idealizadora do projeto, Juliana Perrella, é atender alunos da rede pública de ensino. A partir de setembro, eles terão acesso a oficinas com temas como adivinhas matemáticas, literatura do absurdo, ilustrações, entre outras. Um caderno de atividades e um encarte para o professor complementarão a visita.

A exposição é aberta para toda a comunidade, com entrada franca.