Uma projeção sobre placa de pedra, apoiada em um pedaço de terra, ou uma pintura a óleo feita sobre um monitor de televisão são algumas das obras reunidas na exposição 5.º Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas, em cartaz no Museu da Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP).
Trinta profissionais foram finalistas da premiação homônima, entregue na sexta-feira (24), em São Paulo. No fim, cinco artistas e dois curadores receberam o prêmio, um dos mais reconhecidos do país na área de artes plásticas: Virginia Medeiros, Nicolás Robbio, Gê Orthof, o Grupo Empreza e Berna Reale. Cada um levou R$ 40 mil.
Raphael Fonseca e Divino Sobral ganharam o Prêmio Jovem Curador, e receberam R$ 20 mil. Além do prêmio em dinheiro, a artista Virginia Medeiros ganhou uma bolsa-residência na Manchester Metropolitan University.
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo ( Av. Pedro Álvares Cabral, 1.301 – Parque Ibirapuera), (11) 2648-0258. 3ª das 10h às 21h. 4ª a dom. das 10h às 18h. Entrada franca. Até 6 de dezembro.
Iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que homenageia o criador da galeria Camargo Vilaça, os nomes foram escolhidos por um júri de 16 pessoas, sendo que 10 delas percorreram ateliês pelo país, em um novo formato instituído pelo curador, Marcus de Lontra Costa.
Apesar do excesso de videoperformances (onipresente, quando se trata de arte contemporânea), a seleção traz uma boa diversidade de trabalhos: Marco Paulo Rolla, por exemplo, apresenta um vídeo, mas em formato de díptico, lembrando uma pintura. Já Laís Myrrha traz, em Dicionário do Impossível, impressões sobre pedra de mármore, com jato de areia.
Entre os vencedores, há nomes que já se destacam no circuito de artes, como Berna Reale – ela representará o Brasil na Bienal de Veneza, que será aberta no dia 9 de maio.
O nome
Pernambucano formado em Direito, Marcantonio Vilaça comprou sua primeira obra aos 15 anos. Nos anos 1990, inaugurou a galeria Camargo Vilaça, em São Paulo, ao lado da sócia Karla Camargo. Hoje um dos espaços privados mais conhecidos do país, o galerista foi quem apostou em nomes como Daniel Senise, Adriana Varejão, Vik Muniz, entre outros.
No vídeo selecionado pelo prêmio, uma mulher é puxada por uma carroça levada por porcos: a violência e a desigualdade social é o foco do seu trabalho. “Nunca, nem nos meus mais loucos pensamentos, eu imaginei isso. O que é essa gente bonita, esse homem lindo apresentando?”, brincou a artista na solenidade de premiação, apresentada por Dan Stulbach, ator e agora cabeça do programa CQC, da Band.
O Grupo Empeza, que desenvolve o trabalho em cima de performances e experimentações com vídeo e fotografia, vem ganhando espaço no país, sobretudo agora: eles estão em cartaz com o projeto Vesúvio na mostra Terra Comunal Marina Abramovic + MAI, em cartaz no Sesc Pompeia.
Coloquei em questão os nossos limites. De dormir na rua, de conviver com os moradores. É algo fora da normatividade, do lugar de conforto. O trabalho divide um pouco o que eu aprendi com eles.
Virgínia de Medeiros, que participou da última Bienal de São Paulo, é outro nome forte da seleção. Em Fábula do Olhar, ela traz fotopinturas de moradores de rua de Fortaleza, em uma parceria com o mestre Júlio Santos, conhecido fotopintor de retratos. Foi ele quem deu cores para as fotografias em preto e branco de Virgínia, acompanhadas de depoimentos de moradores de rua, que podem ser ouvidos pelo público (leia mais ao lado). “Coloquei em questão os nossos limites. De dormir na rua, de conviver com os moradores. É algo fora da normatividade, do lugar de conforto. O trabalho divide um pouco o que eu aprendi com eles”, disse a artista.
A exposição fica em cartaz no MAC-USP até dezembro.
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